Colheita mecanizada vai provocar desemprego

Do Valor Econômico

A mecanização das lavouras de cana no Estado de São Paulo pode causar o desemprego de até 15 mil pessoas por ano até 2014, período limite para que 100% da colheita paulista seja mecanizada. A estimativa é de Maurílio Biagi Filho, membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), e presidente da Maubisa.

“A medida nos deixa tristes, porque vai causar disponibilidade de mão-de-obra, mas estamos trabalhando para capacitar estas pessoas e empregá-las na utilização das máquinas” , disse Biagi, lembrando que a mecanização foi exigida por lei no Estado. Atualmente, 40% da safra de cana paulista é colhida mecanicamente. Biagi frisou que a mudança, apesar do desemprego, acabará com as criticadas condições de trabalho dos bóias-frias, além de eliminar o processo de queima da palha de cana.

Em todo o Estado de São Paulo, a estimativa é que 200 mil cortadores de cana percam o emprego por conta da mecanização das lavouras, segundo Marcos Jank, presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica). Em contrapartida, Jank disse que 70 mil novos empregos de maior qualificação serão gerados. “Acreditamos que podemos qualificar parte dos atuais cortadores que vão perder emprego. O setor está se preparando para assinar um protocolo trabalhista que garanta condições positivas para os trabalhadores”, frisou Jank.

Segundo Biagi, os baixos patamares dos preços do álcool durante a entressafra não preocupam os produtores. As exportações de parte da produção nacional, que ficaram abaixo do esperado no ano passado, vão acontecer naturalmente à medida que os mercados internacionais amadurecem.

“Os Estados Unidos prevêem utilizar o milho para produzir até 60 bilhões de litros de etanol por ano. Depois disso, vão procurar outras fontes, a partir da celulose ou da cana” , explicou Biagi, acrescentando que este ano os EUA devem produzir 30 bilhões de litros de etanol a partir do milho, atingindo 60 bilhões de litros entre os anos de 2012 e 2014.