Contaminação transgênica aumenta e impunidade continua

Do Greenpeace

Empresas de biotecnologia agem impunemente enquanto que os casos de contaminação transgênica continuam em escala global, revela um novo estudo lançado na quinta-feira (28/2) pelo Greenpeace Internacional e o grupo GeneWatch UK.

O relatório Registros de Contaminação Transgênica 2007 detalha 39 novos casos de contaminação de plantações ocorridos em 23 países no ano passado. A maior parte deles envolve cultivos de arroz e milho, mas também inclui soja, algodão, canola, mamão papaia e peixes. O Registro de Contaminação Transgênica (www.gmcontaminationregister.org) existe desde 2005 e já identificou 216 eventos de contaminação em 57 países ocorridos desde 1996, quando as plantações transgênicas foram iniciadas comercialmente.

“As contaminações documentadas pelo relatório são apenas a ponta do iceberg. Os poluidores genéticos devem pagar pelo que fizeram. Se uma empresa contamina nossa comida e nosso meio ambiente, tem que pagar pela limpeza, compensar agricultores, comerciantes e consumidores.

Precisamos definir padrões internacionais de responsabilização sob o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, para enquadrar as empresas de biotecnologia”, afirma Doreen Stabinsky, da campanha de Agricultura do Greenpeace Internacional. O Greenpeace realizou testes, juntamente com organizações locais, no Quênia em variedades de sementes de milho vendidas no país, constatando a contaminação de algumas delas. Sementes de milho estavam contaminadas
com a variedade MON 810 da Monsanto, proibida no país e banida de diversos outros na Europa, como a França (em fevereiro de 2008), Áustria, Grécia, Hungria e Polônia. No Brasil, o governo liberou recentemente essa variedade da Monsanto e uma outra da Bayer.

“O Brasil já tem alguns casos de contaminação em plantações de soja, principalmente na região Sul. Com a aprovação do milho transgênico, o número de casos só tende a crescer, porque o milho contamina muito mais facilmente”, afirma Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha de
Engenharia Genética do Greenpeace Brasil. “E como nem a CTNBio nem o governo brasileiro fizeram regras que protejam os agricultores e consumidores, temos uma situação preocupante no país.”

Governos de todo o mundo negociarão entre os dias 12 e 19 de março, em Cartagena, na Colômbia, regras internacionais para definir a responsabilização em casos de estragos causados por organismos geneticamente modificados (OGMs). Essas negociações acontecem dentro do
Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança. Alguns países desenvolvidos como Estados Unidos, Japão e Nova Zelândia se opõem a um acordo global desse tipo. As contínuas ameaças da contaminação transgênica para a agricultura de países em desenvolvimento demonstram a necessidade de se definir regras legais e internacionais que assegurem que as empresas
responsáveis pela contaminação paguem pelos danos.