Ceste boicota negociações sobre UHE de Estreito

A ausência da Ceste (Consórcio Estreito Energia) na reunião que aconteceu ontem com a Promotoria Pública de Imperatriz, no Maranhão, impediu que o diálogo sobre a construção da Barragem em Estreito avançasse.

Na pauta principal da reunião estava a criação de um fórum de debate com as populações a serem atingidas pela construção da barragem. Este espaço de debate será um instrumento coordenado pelo Ibama (Instituto de Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis)e tem como função principal ouvir as comunidades sobre sua situação atual e como a construção da hidrelátrica afetaria o dia-a-dia em suas localidades. Com a ausência da Ceste, uma nova reunião teve de ser marcada para a próxima terça-feira (18/3), no mesmo local. A reunião será presidida pelo Ibama.

Além da ausência da construtora da obra, representantes do Ibama que participaram da reunião informaram que não podiam tomar nenhum posicionamento em relação as propostas dos Atingidos. Para a coordenação do MAB, o posicionamento deixa clara a omissão do Gorveno Federal sobre o caso e a pretensão de construir a qualquer custo esta barragem, mesmo que seja consultada a população a ser atingida.

A tensão no local aumenta. Ontem, o mandato de reintegração de posse foi lido durante a reunião em Imperatriz, um sinal de que há poucas possibilidades de diálogo. Ainda ontem cerca de 70 militares da Guarda Nacional chegaram a Estreito para forçar o despejo, mas o acampados prometem resistir.

O advogado Nonnato Masson, que acompanha os trabalhadores, relatou que o atentado contra um trabalhador do MST, baleado dia 11/3 por um fuincionário da Ceste, foi apenas uma das ameaças da empresa contra os trabalhadores. Luis Carlos Pereira, um dos gerentes do consórcio, continua preso em Estreito por tentativa de assassinato do Welinton Silva de 18 anos.

Hoje pela manhã, comandantes e generais da Policia Militar, Civil, Rodoviária Federal e da Guarda Nacional tentaram realizar, mais uma vez, o despejo dos Sem Terra, Ribeirinhos, Indinginas e outros que permanecem acampados obstruindo a entrada do canteiro de obras da hidrelétrica. O acordo conquistado pelos manifestantes garante a permanência do acampamento até o resultado da próxima reunião, no dia 18/3.

Nesta reunião estarão reunidos na Promotoria Pública em Imperatriz no Maranhão, representantes dos Atingidos por Barragens do consórcio que constrói a Barragem, Ibama, Ministério Público Federal e Estadual a fim de debaterem a pauta reivindicada pelos Movimentos que se posicionam contra a UHE.

Hoje indios Krahôs, Krikatis e Apinajés chegaram para reforçar o acampamento, outros trabalhadores rurais tambem estão a caminho.