Milícias armadas atacam pré-assentamento no Paraná

Por volta das 6h da última quinta-feira (20/03), um grupo de 35 pistoleiros fortemente armados e comandados por membros do Mast (Movimento dos Agricultores Sem Terra), atacaram 200 famílias do MST, acampadas na Fazenda Leão de Judá (Videira), localizada entre os municípios de Terra Rica e Guairaçá (PR 180), região Noroeste do Paraná.

No momento se encontravam no local cerca de 450 pessoas, entre idosos, crianças e gestantes. Um grupo de trabalhadores foi cercado pelos pistoleiros, que sob ameaça estipularam um prazo para a retirada das famílias, caso contrário o despejo seria realizado à força.

Por volta das 10 horas da manhã a Polícia Militar esteve no local e informou que a situação havia sido controlada. Quatro pistoleiros foram presos enquanto um grupo maior conseguiu fugir. Parte do armamento utilizado pelo grupo também foi apreendido pela PM.

Os policiais confirmaram que o bando foi contratado pelo Mast para despejar os Sem Terra da área. Segundo as famílias, também há fortes indícios de que fazendeiros da região estejam financiando as ações do Mast e a formação de milícias armadas.

Este não é primeiro caso em que as famílias acampadas na Fazenda Videira são atacadas por milícias armadas. O primeiro fato ocorreu no dia 09 de março de 2007, por volta das 3 horas da madrugada, quando cerca de 20 pistoleiros, fortemente armados com metralhadoras, fuzis, espingardas
calibres 12 e pistola 9 milímetros, invadiram o acampamento disparando rajadas contra os barracos onde crianças e adultos dormiam. Os agricultores se esconderam dentro dos barracões, mas os tiros perfuraram as paredes e três trabalhadores ficaram feridos. Na ocasião a Polícia prendeu dez pistoleiros, que já estão em liberdade. Dois meses depois houve um novo ataque e devido a demora da policia em comparecer ao local, nenhum pistoleiro foi preso.

A fazenda já está com decreto de desapropriação, para fins da reforma agrária. O local está ocupado pelo MST desde 08 março do ano passado, e conta com uma Escola e produção de alimentos para o autoconsumo das famílias.

O MST cobra do Estado agilidade na investigação dos focos de ações de milícias armadas no Paraná e uma resposta contundente a sociedade e aos trabalhadores Sem Terra, que há vários anos são atacados por estes bandos armados. A formação de milícias tem desafiado o próprio as autoridades do Estado. Esses bandos, como de costume, agem com armamentos pesados, ameaçam, realizam despejos violentos e assassinatos, sendo financiados e comandados pelos latifundiários do Estado.