Trabalhadores derrubam eucaliptos para plantar alimentos

Neste momento as famílias do Acampamento Eldorado dos Carajás, localizado na fazenda Águas do Pilintra, em Agudos (SP), estão derrubando os eucaliptos existentes na área. O objetivo é que no lugar sejam plantados alimentos.

A fazenda Águas do Pilintra está ocupada desde a manhã do dia 12 de abril. A área de 5,4 mil hectares é utilizada pela Ambev (Companhia de Bebidas das Américas) para o plantio de eucalipto e cana-de-açúcar, além de utilizar a água do Aqüífero Guarani (a maior reserva subterrânea de água doce do mundo) para a produção de bebidas.

Assim como diversas outras propriedades no Estado de São Paulo, a Águas do Pilintra foi vistoriada e o laudo final concluiu que ela é improdutiva. No entanto, nada mais foi feito e o processo está parado aguardando que o decreto de desapropriação seja assinado pelo presidente da República.

A lentidão em realizar as desapropriações permite que os proprietários arrendem as terras, enquanto milhares de famílias permanecem acampadas. Atualmente há 1600 famílias acampadas em todo o Estado de São Paulo. No Brasil são 150 mil. Na região onde está localizada a fazenda Águas do Pilintra existem cerca de 10 mil hectares de terras públicas reconhecidas oficialmente como devolutas, além de 15 mil hectares de terras improdutivas.

A ocupação faz parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária realizada em lembrança ao Massacre de Eldorado dos Carajás. As ações, que já envolvem mais de 10 mil trabalhadores em 14 estados, têm como objetivo denunciar a impunidade dos crimes contra os trabalhadores rurais e reafirmar a necessidade da Reforma Agrária como única solução para os conflitos no campo.

Em 17 de abril de 1996, 19 trabalhadores rurais foram brutalmente assassinados em Eldorado dos Carajás, no Pará. A operação deixou ainda centenas de feridos e 69 mutilados. Doze anos depois, os 155 policiais participantes do massacre permanecem soltos.