MST realiza ocupações no recôncavo baiano

Nesta sexta-feira (11/4), aproximadamente 150 famílias do MST ocuparam uma fazenda no município de Rio Real, próxima à linha do trem. No sábado, dia 12, foram ocupadas duas fazendas no município de Jandaíra, envolvendo cerca de 350 famílias. Hoje, dia 16, houve uma grande mobilização em Cruz das Almas. Cerca de 360 famílias que estão acampadas em um terreno da UFRB fizeram uma marcha até a Reitoria, reivindicando a regularização das terras ocupadas para a agricultura familiar.

O MST ocupou na segunda-feira (14/4), com cerca de 200 famílias, a área da Estação Experimental Manoel Machado, de responsabilidade da EBDA – Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (órgão do Governo do Estado da Bahia). Na manhã da terça-feira (15/4), também houve uma ocupação na rodovia que liga Vitória da Conquista a Itambé. A ocupação deve-se ao fato de diversas famílias estarem há seis anos acampadas às margens da rodovia sem que as autoridades responsáveis tomem qualquer iniciativa em relação à desapropriação de uma área para que sejam assentadas.

As ocupações integram uma série de ações desenvolvidas pelo movimento desde o mês passado, quando cerca de três mil trabalhadores rurais sem terra do MST e da CETA (Movimento de Trabalhadores Assentados, Acampados e Quilombolas) ocuparam o Incra e a Secretaria Estadual de Agricultura.

Violência e impunidade

Neste ano completam-se doze anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, em 17 de abril de 1996, que ganhou repercussão internacional e deixou a marca na história do país, ao lado do Massacre do Carandiru (1992) e da Chacina da Candelária (1993), como uma das ações policiais mais violentas do Brasil. No massacre foram assassinados 19 trabalhadores rurais, em um saldo sinistro que inclui ainda 69 mutilados e centenas de feridos. Dos 155 policiais participantes da operação, apenas 2 foram condenados, mas permanecem soltos através de uma série de recursos jurídicos.

A violência, a impunidade do latifúndio/agronegócio e a criminalização dos movimentos sociais são marcas do campo no país. Desde 2005, foram mortos 18 militantes do MST e 87 foram presos. Estudo da Secretaria Especial de Direitos Humanos apontou que em todos os estados onde o MST está organizado há militantes ameaçados de morte. No campo, em 2007, foram assassinados 28 trabalhadores rurais; em 2006, foram 39 assassinatos. Nos últimos 10 anos, foram assassinados mais de 400 trabalhadores rurais em 12 mil conflitos causados pelo agronegócio e latifúndio.

Reforma agrária a passos de tartaruga

Há atualmente 230 mil famílias acampadas no país (segundo dados da Ouvidoria Agrária/ Ministério do Desenvolvimento Agrário). Destas, aproximadamente 150 mil famílias são do MST. Existem mais de 4 milhões de famílias sem-terra no país, de acordo com o 2º Plano Nacional de Reforma Agrária.

A Bahia é o estado brasileiro com maior quantidade de famílias acampadas (25 mil famílias em 230 acampamentos). Em 2007, aconteceram 93 ocupações, envolvendo cerca de 18 mil famílias. Este ano já aconteceram 15 ocupações de terra no estado, e deve acontecer uma série especial de ações neste mês de Abril.

É de responsabilidade de toda a sociedade brasileira acabar com a humilhação que diversas famílias ao longo de rodovias de todo o país passam para garantia de uma vida digna através do acesso à terra para o seu próprio sustento e de toda a classe trabalhadora, através da produção de alimentos mais baratos e saudáveis, livres de agrotóxicos. Que a terra sirva para alimentar o povo e não para enriquecer ainda mais quem vive da especulação financeira e da exploração dos trabalhadores.