MST realiza Seminário Nacional das Escolas Itinerantes

Entre os dias 5 e 9 de maio, o MST realiza o III Seminário Nacional das Escolas Itinerantes, em Faxinal do Céu, região central do Paraná.

O Seminário acontece em parceria com a Secretaria Estadual de Educação do Paraná e a Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), e contará com a presença de 400 participantes, entre educadores das Escolas Itinerantes e coordenadores dos acampamentos do MST, de todo país. Além de intelectuais da educação, como o professor da Unicamp, Luiz Carlos de Freitas.

Com o lema “Escola Itinerante: um marco na história, poder estudar nela para nós, é uma vitória”, o objetivo central da atividade é conhecer a história da Escola Itinerante e sua contribuição para a educação brasileira. Também serão levantadas propostas para o aperfeiçoamento da metodologia de ensino das Escolas Itinerantes e o estreitamento do vínculo com a realidade das famílias Sem Terra, que vivem nos acampamentos.

Além dos debates, na quarta-feira (7/5), a partir das 20h, será lançado o livro Sementes de Letras, da Editora Expressão Popular, com a presença da escritora Márcia Camargos. A obra de literatura infantil é voltada para as crianças do campo, com histórias do meio rural. Na quinta-feira (08/05), às 20h, também haverá o lançamento do Caderno Pedagógico, com as experiências das Escolas Itinerantes dos acampamentos do MST, no Brasil.

A primeira Escola Itinerante foi implantada há 11 anos, no Rio Grande do Sul, após muito tempo de luta do MST por educação nos acampamentos. A escola acompanha o itinerário das famílias Sem Terra, nos acampamentos até o momento da conquista do assentamento. O coordenador estadual do setor de educação do MST, Alessandro Santos Mariano, explica que a Escola Itinerante surgiu da necessidade dos Sem Terra que, ao se deslocarem para os acampamentos, precisam de uma escola que acompanhe seus filhos. “Em muitos casos, os municípios não querem atender as crianças Sem Terra nas escolas municipais. Quando atendem levam as crianças dos acampamentos para a cidade onde, muitas vezes, sofrem discriminação por professores e colegas que não compreendem o processo organizativo e as causas que levam o Sem Terra a se organizar e a lutar pela terra”, ressalta.

A Escola Itinerante está em funcionamento em cinco estados brasileiros; RS, SC, GO, AL, PI, PE e PR. É uma escola pública reconhecida pela LBD (Lei de Diretrizes e Bases), e atende 3.000 crianças e adolescentes, que vivem nos acampamentos do MST.

No Paraná, o projeto foi implantado, em 2003, no mandato do Governo Requião que abriu espaço para o diálogo para este tipo de política social. Atualmente, o Estado conta com 11 Escolas Itinerantes, que atendem 1.500 crianças e adolescentes.

Segundo Mariano, a pedagogia da Escola Itinerante tem como base as várias dimensões da formação humana. Ao contrário da escola tradicional que considera o saber cientifico mais importante. “A Escola Itinerante considera este saber fundamental, mas atua também em outras dimensões, com tempos e espaços educativos para desenvolver a formação integral dos sujeitos, como: a convivência, a arte, o trabalho, o lúdico, a estética, a política e a luta”, esclarece.