Pequenos agricultores trancam agências da Caixa

Cerca de 700 agricultores ligados ao MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores) trancaram hoje pela manhã as agências centrais da Caixa Econômica Federal em Porto Alegre e Passo Fundo. Os agricultores exigem a criação de uma política nacional específica para a construção das moradias rurais, que está parada desde o ano passado. O MPA também reivindica a construção emergencial de 200 mil moradias em todo o país. No Rio Grande do Sul, os agricultores querem a construção de três mil casas.

A seguir, leia a nota oficial do MPA sobre a ação de hoje.

Com um déficit habitacional estimado em sete milhões de moradias, o país deixa famílias que produzem comida, geram riqueza, trabalho e renda à margem da dignidade.

O campesinato brasileiro é responsável por mais de 70% da produção de comida que chega a mesa do povo brasileiro. No entanto, vive em condições precárias, morando em casebres ou choupanas. Moradia digna no Brasil não é pra quem precisa, pois o acesso aos recursos destinados a habitação é difícil e os mesmos, insuficientes.

O governo brasileiro tem acenado com políticas para o incremento da produção no país, porém é tímido no que diz respeito à Habitação. No ano de 2007 o governo Lula assumiu o compromisso em construir 100 mil casas no campo brasileiro, porém os recursos não foram suficientes. Além disso, a burocracia excessiva impediu que muitas das propostas apresentadas fossem efetivadas. Até o momento os recursos disponibilizados para 2008 atenderão mentos 20 mil casas.

Os subsídios apresentados ainda são insuficientes para que as famílias mais empobrecidas possam ter acesso aos financiamentos, embora mais de 80% do déficit habitacional esteja na faixa de até 3 salários mínimos.

Por isso o MPA está nas ruas neste dia 05 de maio em mais de 10 estados para reivindicar a Criação de uma Política Nacional De Habitação Camponesa que possibilite moradia adequada a todas as famílias camponesas, de todas as faixas de renda, em todo o território nacional, de maneira desburocratizada, como política social estratégica para conter o êxodo rural, manter a juventude no campo e repovoar as comunidades camponesas, aplicando, em escala crescente, tecnologias de bioconstrução.

Pois não basta apoio para a produção. É preciso mudar as condições de vida no campo e fazer do meio rural um lugar bom para se viver. E neste aspecto, a moradia adquire um papel central.

Moradia digna é fundamental para se ter gosto de viver na roça e cumprir bem a dupla missão das famílias camponesas na sociedade atual que é alimentar o povo que mora nas cidades e cuidar do meio ambiente. Além disto, moradia deve incorporar qualidade de vida como conforto térmico, abastecimento de água e saneamento básico.

Reivindicamos a disponibilidade de recursos para a construção imediata de 200 mil unidades habitacionais em 2008.