Polícia reprime manifestação contra as transnacionais no RS

Cinco agricultores foram agredidas pela Brigada Militar e sofreram queimaduras com bombas de gás lacrimogêneo, nesta manhã, na área da Bunge, em Passo Fundo, no rio Grande do Sul. A violência aconteceu no momento que os agricultores e agricultoras iniciavam a distribuição de alimentos agroecológicos à população.

Trabalhadores do campo e da cidade ocuparam cedo da manhã desta terça-feira (10/06) a transnacional de alimentos Bunge, na cidade de Passo Fundo (região Norte gaúcha). A atividade dá início à Jornada Nacional de Lutas Contra o Agronegócio e as Transnacionais no Rio Grande do Sul.

Os camponeses e trabalhadores chamam a atenção ao monópolio que as empresas de alimentos, entre elas a Bunge, implementam no mercado, sistema pelo qual definem os preços pagos pelo trabalhador nos supermercados que estão cada vez mais caros. Além disso, a Bunge precisou ser intimada pela Justiça em 2007 para rotular como produto que contém transgênico o seu azeite Soya, pois escondia essa informação da população.

A transnacional Bunge ainda é aliada a empresas estrangeiras do agronegócio como Monsanto, Cargill e Syngenta, criando uma rede de dominação desde o setor de produção, passando pelos de industrialização, distribuição e comercialização do alimento. Assim como o trabalhador urbano, o camponês também fica nas mãos das transnacionais, subordinado a comprar as sementes e a vender sua produção pelo preço que elas definem no mercado.

Demais atividades devem ocorrer em todo o país.

Jornada de Lutas

A Jornada Nacional de Lutas Contra o Agronegócio e as Transnacionais protesta contra o atual modelo de desenvolvimento adotado no Brasil. Este modelo, baseado no capital estrangeiro e nas transnacionais (empresas estrangeiras), principalmente dos setores de celulose, agronegócio e
energia, tem levado o povo brasileiro ao empobrecimento.

O principal malefício deste modelo está representando hoje na dita crise do alimento, que afeta todo o mundo, principalmente os países mais pobres. As transnacionais que detêm as sementes e controlam a exportação dos alimentos, juntamente com produtores do agronegócio, têm estocado a
produção a fim de aumentar o preço dos alimentos no mercado internacional.

No Brasil, apenas quatro transnacionais, a Cargill, ADM, Bunge e Louis Dreyfus exportam 60% do que é produzido no país.

Como conseqüência, a comida chega muito cara ao supermercado e à mesa do povo. Pesquisa do DIEESE mostra que o brasileiro gastou 111 horas e 8 minutos (duas semanas e meia) de trabalho em Maio somente para comprar a cesta básica. Os agricultores também são duramente afetados, já que as mesmas transnacionais, juntamente com a Syngenta e a Monsanto, controlam as sementes, os adubos e os agrotóxicos. Assim, elas conseguem determinar o preço dos insumos e da produção que será vendida pelo agricultor.

O que os trabalhadores defendem

Os trabalhadores do campo e da cidade defendem um novo modelo de desenvolvimento, baseado no enriquecimento do povo e na construção da soberania alimentar e nacional do Brasil. Para isso, os trabalhadores defendem mais investimentos à agricultura camponesa, reforma agrária ampla
com investimento em infra-estrutura, produção e assistência técnica em assentamentos, redução da jornada de trabalho de 44h para 40h sem a redução do salário do trabalhador, redução da cobrança abusiva da energia elétrica à população e substituição do atual modelo energético por
produção de energia alternativa, que é mais barata e menos impactante.

No RS, os manifestantes querem o fim da atual política neoliberal da governadora Yeda Crusius, que tem beneficiado somente as empresas de celulose com incentivos fiscais e o agronegócio, sem investir na agricultura camponesa e na reforma agrária. Querem mais investimentos nas políticas sociais e fim de políticas neoliberais adotadas como a enturmação e a não-realização de concurso público de professor e servidor para as escolas públicas gaúchas, salários baixos, sucateamento da UERGS (Universidade Estadual do Rio Grande do Sul); não à prorrogação dos pedágios e à criação de novas quatro praças com o Programa Dulica RS; e fim da repressão policial às manifestações dos trabalhadores.