Via Campesina realiza ocupação em destilaria do Pontal

Cerca de 400 trabalhadores da Via Campesina ocuparam a área que dá acesso à Destilaria de Alcídia, sediada no município de Teodoro Sampaio, na manhã desta sexta-feira (13/6).

A Organização Odebrecht é dona de 70% da área e tem como objetivo plantar 160 mil hectares de cana-de-açúcar na região ainda este ano. A parceria entre as duas empresas faz com que a fusão, chamada de ETH Bioenergia, esteja entre as cinco maiores produtoras de álcool do Brasil.

A mobilização na região do Pontal do Paranapanema, interior de São Paulo, teve início na manhã de hoje. A polícia enviou três viaturas ao local, mas não procurou diálogo com os integrantes da Via Campesina. Os trabalhadores da destilaria interromperam o processo de moagem da cana após diálogo com os representantes do movimento. Até o momento, a situação é tranqüila.

A Odebrecht, assim como outras empresas transnacionais, está utilizando irregularmente terras públicas para a instalação de usinas e plantio de cana-de-açúcar. O projeto de expansão da Odebrecht prevê a utilização de 160 mil hectares de terras para a produção de matéria-prima (cana-de-açúcar). Essas terras estão dentro do 11° perímetro do Pontal do Paranapanema, uma região de terras públicas que foram griladas.

De acordo com o ITESP (Instituto de Terras de São Paulo), fundação estadual vinculada à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, e responsável pelo programa estadual de política agrária, 58% do território do Pontal é constituído por terras públicas.

No ano passado o governador José Serra encaminhou à Assembléia Legislativa um projeto de lei que propõe a regularização das terras públicas do Pontal. Ou seja, em vez de fazer a Reforma Agrária, o governo estadual quer legalizar a grilagem. Devido às mobilizações dos movimentos sociais, o projeto ainda não foi votado.

Esse ato faz parte da jornada de lutas que teve inicio no dia 10 de junho, quando militantes da Via Campesina ocuparam uma usina em construção da Organização Odebrecht, no município de Mirante. A ação protesta contra o crescente avanço das grandes empresas transnacionais no Brasil.