Vannuchi verificará violência contra trabalhadores no RS

O ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi se comprometeu em acompanhar, por intermédio de um representante, a diligência que o Senado Federal irá fazer ao Rio Grande do Sul para apurar as denúncias de ação violenta da Brigada Militar gaúcha, comandada pelo Coronel Paulo Mendes, contra trabalhadores que protestavam contra a corrupção no Governo Yeda Crusius. O acompanhamento foi solicitado pelo deputado Adão Preto (PT/RS) e ação ocorrerá na próxima terça-feira (24/06), em Porto Alegre.

O ministro Vannuchi disse estar bastante preocupado com a tentativa de se desviar as atenções da crise política que vive o Governo gaúcho por meio da criação de um “inimigo externo”. Para ele, os trabalhadores estão no seu livre direito de manifestação e não podem ser usados para encobrir qualquer que seja a denuncia contra o Governo. “Não se pode partir dessa maneira para cima dos trabalhadores”, afirmou o ministro.

O deputado Adão Pretto ainda entregou um dossiê contendo uma série de informações que mostram a truculência da Brigada Militar e ações que vão de encontro aos direitos humanos.

Deputados Estaduais condenam ação da BM

A operação da Brigada Militar em dois acampamentos do MST em Coqueiros do Sul, no amanhecer de terça-feira (17/06), foi condenada pelo líder da bancada do PT na Assembléia Legislativa, deputado Raul Pont. Na sessão plenária desta quarta-feira (18/06), o parlamentar subiu à tribuna para protestar contra a medida judicial que determinou a transferência dos sem-terra da Fazenda Coqueiros do Sul para Sarandi. Ao clarear do dia, os 360 acampados foram surpreendidos por 500 policiais numa operação inédita no RS. Há mais de dois anos, eles ocupavam uma área cedida pelo proprietário ao movimento. “Este procedimento objetiva criminalizar os movimentos sociais”, alertou o deputado, que está preocupado com as sucessivas investidas da BM e do Ministério Público Estadual contra os movimentos sociais.

Raul Pont também criticou a falta de investimentos do governo Yeda Crusius no desenvolvimento agrário. Para se ter uma idéia, dos R$ 600 mil orçados para a viabilização econômica dos assentados, a administração tucana empenhou zero. O mesmo ocorreu com os R$ 3 milhões orçados para a indenização de agricultores, com os R$ 2 milhões e 650 mil para a aquisição de imóveis e com R$ 1 milhão para o crédito fundiário. “Ou seja, dos quase R$ 8 milhões orçados, o governo não colocou um tostão sequer”, revelou o líder petista, cobrando do Executivo Estadual investimentos para a reforma agrária.

Outra referência feita pelo deputado diz respeito à manchete – “MST sofre contra-ataque ao amanhecer”, publicada em um dos jornais diários da capital. Raul Pont indagou: “qual foi o ataque?” “Qual foi a invasão feita ontem?”. “A BM não combate a violência nas cidades e, tampouco, faz policiamento preventivo. Mas, com a maior facilidade reúne 500 policiais para um contra-ataque a um ataque que não aconteceu num acampamento majoritariamente composto por crianças e mulheres. Esta é a política do Estado”, frisou, salientando que esta é uma questão social e não um caso de polícia.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, o deputado Dionilso Marcon (PT) acrescentou que o governo do Rio Grande do Sul está contra os pobres, os miseráveis e todos aqueles que buscam a dignidade e a cidadania. “Digo isto porque já passei por esta situação”. Indignado, exibiu, na tribuna, fotos publicadas em jornais da capital para ilustrar a forte ação policial contra os sem-terra. Numa delas, aparece ao fundo um galpão onde funciona uma escola. Lá, duas professoras estaduais ensinam os filhos dos acampados. A outra mostra mães e crianças quebrando gelo no dia mais frio do ano diante de uma fileira de policiais.

“O Ministério Público tem raiva de pobre. Vou pedir à Comissão de Direitos Humanos do Senado para interferir junto ao MP a fim de que este órgão deixe de perseguir os pobres”, adiantou Marcon, para quem o Ministério Público tem pouca disposição para investir contra os plantadores de eucalipto e para apurar denúncias de corrupção no Detran.