Assentamento no Maranhão torna-se território livre do analfabetismo

Com cerca de 150 famílias o Assentamento Balaiada em Nina Rodrigues norte do Maranhão foi oficializado pela Secretária de Estado da Educação como Território Livre do analfabetismo.

A oficialização foi realizada no último dia 11/9, durante o Ato Político pela Superação do Analfabetismo no Maranhão, acontecido no Auditório do Palácio do Governo do Estado, na ocasião representantes do Assentamento receberam uma bandeira levando a declaração “Território Livre do Analfabetismo”.

Erradicar o analfabetismo em áreas de assentamentos é uma das metas do MST. O que aconteceu na Balaiada é o resultado de uma série de esforços, que através do método cubano “Sim, eu Posso”, vem deixando o Movimento mais próximo desta meta. Segunda Maria Divina da Direção estadual do MST e Coordenadora do Programa, que em nível de Estado já alfabetizou 1.236 trabalhadores rurais, até o final do ano outros quatro assentamentos também terão declarado o fim do analfabetismo em suas áreas.

Durante o Ato no Palácio do Governo, o Secretario de Educação Lourenço Vieira da Silva e o Governador Jackson Lago assinaram a autorização da construção de uma escola de ensino médio no Assentamento. A escola beneficiará mais de 400 famílias.

Balaiada é uma das três comunidades que formam o PA Palmares II, uma luta antiga de posseiros pela terra que teve seu auge em 1999 quando o MST começou a organizar as famílias para resistir na área, que está situada na região onde aconteceu a Guerra da Balaiada.

Relembrando a história dos trabalhadores

A Balaiada foi uma importante revolta popular que explodiu na província do Maranhão, entre os anos de 1838 e 1841, num período em que a economia agrária do Maranhão atravessava grande crise. Quem mais sofria as conseqüências dos problemas econômicos do Maranhão era a população pobre. Ou seja, multidão formada por vaqueiros, sertanejos e escravos.

Cansada de tanto sofrimento, essa multidão lutou, de algum modo, contra as injustiças, contra a miséria, a fome, a escravidão e os maus-tratos. Havia também muita insatisfação política entre a classe média maranhense da Região. Até que se estourou uma grande revolta contra os grandes fazendeiros conservadores do Maranhão e contaram com uma grande participação dos sertanejos pobres.

Os principais líderes populares da Balaiada foram: Manuel Francisco dos Anjos Ferreira (fazedor de balaios, donde surgiu o nome balaiada); Cosme Bento das Chagas (chefe de um quilombo que reunia aproximadamente três mil negros fugitivos); Raimundo Gomes (vaqueiro).

A Balaiada não tinha uma organização consistente, nem um projeto político definido. Não tinha um movimento único e harmônico. Foi um conjunto de lutas dos sertanejos marcadas pelo desejo de vingança social contra os poderosos da região.

Apesar de pouco organizados, os rebeldes balaios conseguiram conquistar a cidade de Caxias, uma das mais importantes do Maranhão.

Para combater a revolta dos balaios, o governo enviou tropas comandadas pelo coronel Luís Alves de Lima e Silva, o combate aos balaios foi duro e violento. A perseguição só terminou em 1841, quando tinham morrido cerca de 12 mil sertanejos e escravos.