Mulheres fazem ato pela soberania alimentar em MG

Como forma de exigir melhores condições de vida, o direito a uma alimentação saudável, o direito a uma energia barata, soberania e a erradicação da pobreza, diversos movimentos sociais, organizados na Assembléia Popular, na Marcha Mundial de Mulheres e na Via Campesina, estarão reunidos na Praça Sete, em Belo Horizonte, nessa sexta-feira (17/10), às 12h, para uma grande mobilização popular.

Seria fácil dizer que os números estonteantes sobre a fome e a pobreza no Brasil bastariam para levar-nos à ação: 32 milhões de pessoas em nosso país convivem com a fome; o brasileiro precisa trabalhar em média 160 horas para adquirir uma cesta básica de alimentos; apenas 52,8% dos domicílios brasileiros possuem rede coletora de esgoto; o índice de desenvolvimento humano brasileiro é 0,757, o que nos coloca em 73º lugar no ranking mundial; 32,3% dos brasileiros vivem com um rendimento mensal de até 2 salários mínimos. Mas não se engane, há muito mais sofrimento além dos meros dados estatísticos. Não obstante, pouco temos avançado no combate a essa situação de desrespeito aos direitos humanos.

Como aponta Flavio Luiz Schieck Valente, em seu livro “Direito humano à alimentação – desafios e conquistas”, “o povo brasileiro não tem só fome de uma dieta básica de custo mínimo, porque queremos satisfazer nossos hábitos alimentares, nossas vontades, nossos prazeres. O povo brasileiro não tem só fome de comida, porque queremos construir uma sociedade justa, humana e fraterna, onde todos tenham direitos iguais quaanto à satisfação de suas necessidades, sejam estas bioquímicas, fisiológicas, sociais, culturais ou históricas. O povo não tem só fome de comida, mas de casa, de trabalho, de terra, de educação, de cultura, de lazer, de liberdade, de felicidade e de soberania”.

Para garantir a soberania alimentar é preciso fortalecer a agricultura familiar; lutar contra o poder do agronegócio e das transnacionais; realizar reforma agrária para o fim do latifúndio que tem terra e não produz; reconhecer e valorizar o trabalho das mulheres para a produção de alimentos saudáveis.

Soberania alimentar é o direito de cada povo definir o quê e como produzir seus alimentos e, também, de ser respeitado em sua cultura e hábitos alimentares.

Soberania energética

Se a energia hídrica é uma das energias mais baratas do mundo, nada explica as altas taxas cobradas aos consumidores brasileiros em suas casas. Enquanto empresas como a Vale e Alcoa recebem subsídio na energia, pagando cerca de R$ 0,04 pelo kilowatt de energia; pela mesma energia, em seu uso doméstico, é cobrado cinquenta e seis centavos aos consumidores.

A maior parte das hidrelétricas não produz energia para ser utilizada nas residências: 44% da energia produzida no Brasil vai para as indústrias e apenas 25,1% vai para as residências, como mostra o Anuário Estatístico do Brasil 2001, do IBGE.

Nas nossas casas somos nós mulheres que acabamos gastando a energia do nosso corpo no trabalho dobrado para economizar e não prejudicar a família…

“Uma vez definido que se vai realizar o aproveitamento desta bacia ou daquele rio e tendo já sido firmados os contratos milionários com as empresas e até mesmo adquirido equipamentos pesados e caros é que se procede então ao que se convencionou chamar de ‘avaliação de impactos sociais’. Trata-se, no entanto, de avaliar para ‘minimizar’, ‘mitigar’ ou neutralizar’ ‘impactos’ de uma decisão já tomada e em curso, e nunca uma avaliação de ‘impactos’ para ser levada em conta na decisão de construir uma hidrelérica”, afirma Lygia Sigaud em seu livro “Implicações políticas e sociais de grandes projetos hidrelétricos sobre as populações indígenas e camponesas”.

A construção de barragens já expulsou mais de 1,5 milhão de pessoas de suas terras e 70% dos atingidos não recebe nada pelo “impacto”.

Exigimos a isenção de cobrança no uso de 100Kws de energia mensal e o rompimento da dependência com o uso dos combustíveis fosseis!

Abaixo a pobreza e a opressão sobre as mulheres!

->Confira também outras ações no Especial sobre o Dia Internacional de Luta pela Soberania Alimentar