Relatório denuncia conflitos e injustiças sociais e ambientais na Bacia do São Francisco

A 5ª Romaria das Águas, realizada de 16 a 18 de outubro, em Sobradinho, na Bahia teve um caráter de denúncia e de luta em defesa da vida do Rio São Francisco. Um dossiê, elaborado pela Articulação Popular pela Revitalização do Rio São Francisco, e divulgado durante o evento, relata
mais uma vez os principais problemas, conflitos, injustiças sociais e ambientais na Bacia do São Francisco, com a proliferação indiscriminada dos agrocombustíveis, da irrigação, da mineração e siderurgia, das carvoarias e do eucalipto, de barragens e usinas Nucleares, da psicultura e do turismo em torno do Rio.

O documento, que é baseado em dados empíricos e de fontes secundárias, tem como objetivo socializar as informações como forma de alertar a sociedade e de avançar na luta pela vida do “Velho Chico” e dos povos ribeirinhos. São analisados impactos dos grandes projetos que estão
sendo implantados em torno da Bacia, impulsionados por um modelo de desenvolvimento que beneficia apenas um pequeno grupo e não contempla as diversas realidades dos povos do São Francisco.

O relatório afirma que o ticas, ora fazendo deles novas chances de negequilíbrio dos ecossistemas e dos biomas da Bacia está em risco como nunca esteve antes. Porque aos antigos projetos vêm se somar, em escala inédita, novos empreendimentos econômicos, de infra-estrutura e de exploração dos bens naturais e das populações da Bacia. “Projetos agrícolas (principalmente para produção de agrocombustíveis), pecuários, de mineração e reflorestamento (eucalipto), e de infra-estrutura, como hidrelétricas, ferrovias, minerodutos e de transposições estão sendo implantados, incentivados pelos Governos Federal e Estaduais, com altos financiamentos públicos e privados, voltados para exportação sem salvaguardas sociais e ambientais”, enfatiza o relatório.

Desenvolvimento descomprometido com a vida

Segundo o documento, as ações estão sendo feitas em nome de um falso desenvolvimento, que se apelidou de “sustentável” no intento de esconder a natureza essencialmente economicista e predatória, descomprometida com as outras dimensões da vida. E que as demandas internacionais por matérias-primas, manufaturados, produtos agrícolas, agrocombustíveis e por commodities lucrativas, com a conivência e a irresponsabilidade de autoridades, significam risco fatal para o combalido “Velho Chico” e o complexo de vida que tem nele o seu eixo.

O dossiê faz ainda um alerta de que o desenvolvimento só será de fato sustentável se forem consideradas as especificidades e características sócio-econômicas e ambientais do Semi-árido e do Cerrado, possibilitando uma nova dinâmica de envolvimento da população em processos que ampliem as capacidades locais para a superação dos principais problemas da Bacia
do São Francisco.

“Defendemos uma revitalização verdadeira e integral, que ataque as causas da degradação e faça da população organizada seu protagonista”, finaliza o relatório da Articulação Popular pela Revitalização do Rio São Francisco.

Veja também:

Relatório “Na Bacia do São Francisco: O traçado de conflitos e injustiças sociais e ambientais”

Mapa dos projetos de irrigação da Codevasf