Mulheres entregam cartas de protesto à Secretaria de Segurança de RR

As principais ruas de Boa Vista (RR) foram “pintadas” pela cor lilás na manhã desta terça-feira (25/11). Cerca de 100 mulheres caminharam cerca de sete quilômetros com o objetivo de mostrar para a sociedade a indignação pelos maus tratos e violências física e psicológica enfrentadas pelas mulheres.

A ação faz parte da mobilização em torno do Dia Internacional de Combate à Violência Doméstica, comemorado em 25 de novembro e organizada pelo Movimento das Mulheres Camponesas e Via Campesina.

A caminhada iniciou por volta das 9 horas, com partida em frente ao Ginásio Poliesportivo Vicente Feola, o Totozão. Seguiu pela avenida Ene Garcez; passou pela Major Williams, de encontro com a Ville Roy. Na Ville Roy fica a sede da Secretaria Estadual de Segurança Pública, onde as mulheres entregaram cerca de 60 cartas de protesto ao secretário Cláudio Lima, que prometeu dar atenção especial às reclamações.

Para a representante da Direção Nacional do Movimento das Mulheres Camponesas, Rosângela Piovizani Cordeiro, a ação atingiu o objetivo esperado. “Denunciamos, protestamos, caminhamos e mostramos para a sociedade a nossa indignação”, disse, esperançosa, após o encontro com o secretário de Segurança Pública de Roraima.

Foram 70 minutos de caminhada acompanhada por um carro de som. As mulheres, além de portarem bandeiras e lenços na cor lilás, transportavam faixas com dizeres do tipo “Violência contra Mulher: tolerância zero”.

Reivindicações

Dentre a série de reivindicações propostas pelas mulheres, a principal delas é o tratamento diferenciado em delegacias de polícia, bem como a criação e implantação de distritos policiais especializados para atender a mulher vítima de violência doméstica.

Em Roraima, por exemplo, os crimes contra a mulher têm se mostrado presente na sociedade. No ano passado foram registrados 3317 casos e este ano a violência contra o gênero feminino está em 2700. Apesar da leve queda, as mulheres contestam porque nos interiores não há delegacias especializadas, o que contribui para uma camuflagem.

Nas cartas entregues ao secretário de Segurança Pública do Estado, esse foi um dos pontos principais relatados pelas mulheres que já foram vítimas de algum tipo de violência doméstica.

“O importante é que denunciemos. Vivemos em uma sociedade machista e a mulher sempre viveu de forma exclusa”, disse Rosângela Cordeiro.

Mundial

O tema violência doméstica passou a ser mundial a partir do mês de outubro quando a Via Campesina lançou a campanha em Maputo (Moçambique/África), em sua Conferência Internacional. Com isso, todos os países estão engajados no combate a esse tipo de violência.

No Brasil, o tema será reforçado em dezembro, com o encontro nacional que ocorre em Brasília entre os dias 01, 02 e 03 de dezembro em local ainda a confirmar.