Via Campesina critica nomeação do coronel Mendes para Tribunal Militar do Rio Grande do Sul

Na semana passada, o governo de Yeda Crusius (PSDB) nomeou Paulo Mendes como juiz do Tribunal de Justiça Militar do Rio Grande do Sul, a despeito de todas as atrocidades praticadas contra a livre manifestação e das denúncias de corrupção que têm o coronel como partícipe.

Os Movimentos Sociais gaúchos questionam a nomeação do ex-comandante da Brigada Militar. Em nota, a Via Campesina afirma que Mendes mostrou na antiga corporação que não tem o perfil para assumir como juiz. A organização também denuncia que a mesma força e repressão usada pelo coronel e o governo de Yeda para combater os movimentos sociais não foram usadas contra a corrupção que toma conta das instituições do estado.

Na última quinta-feira (11/12), o deputado Dionilso Marcon (PT) anunciou que recorrerá ao Ministério Público Estadual contra a nomeação de Mendes. No mesmo dia em que o Diário Oficial do Estado publicou a saída do coronel Mendes do comando da Brigada Militar e o seu ingresso no outro posto, matéria do jornal Zero Hora revelou uma articulação de Mendes com o secretário-geral do governo de Canoas, Chico Fraga, para ser alçado ao comandante-geral da BM.

Uma gravação da Polícia Federal com a autorização da Justiça, feita durante investigação da Operação Solidária, envolvendo fraudes em contratos de fornecimento de merenda escolar e de obras rodoviárias, captou conversa onde o coronel Mendes pedia a Chico Fraga que intercedesse por ele junto ao governo Yeda Crusius para garantir a sua nomeação no comando-geral do BM.

A seguir, leia a nota da Via Campesina sobre o caso:

Nota à Sociedade do Rio Grande do Sul

O Governo Yeda Crusius tem se caracterizado pelo uso da violência para tratar das questões sociais e pela corrupção nos diferentes níveis de governo. A denúncia das conversas telefônicas entre o Coronel Paulo Mendes e os envolvidos nos desvios de recursos públicos, revelado pela Polícia Federal, só comprovam o que já havíamos afirmado de que a violência é a ferramenta utilizada para defender os interesses políticos e pessoais dos integrantes deste Governo.

O Coronel Mendes deixa a Brigada Militar sob a marca de descontrole na relação com a população e com os movimentos sociais, pelo uso indiscriminado da força e a incapacidade de dialogar com qualquer setor.

Agora, confirma-se que a mesma força e intransigência, com que combateu os movimentos sociais não foi usada para combater a corrupção e a prevaricação. Nos perguntamos se o aparelho da Brigada Militar não teria sido usado também para retribuir os favores devidos pelo Coronel Mendes.

Questionamos ainda a indicação do Coronel Mendes para o Tribunal Militar, uma vez que as denúncias revelam comportamentos e vínculos que não correspondem ao perfil e a função que deve cumprir um juiz.

A Via Campesina espera que as investigações apurem quais são as relações entre o ex-comandante da Brigada e a quadrilha que assaltou em pelo menos R$ 44 milhões os cofres gaúchos, assim como todos os casos de corrupção que assolam o Governo do Estado.

Via Campesina