MST homenageia militantes que se formaram em 2008 no PR

Em homenagem aos estudantes que se formaram em cursos conquistados pelo movimento neste ano de 2008, na semana passada (9/12), o MST realizou uma cerimônia de emulação, na Escola José Gomes, em São Miguel do Iguaçu, no Oeste do Paraná.

A cerimônia simbólica certificou 21 jovens e adultos que se formaram nas turmas Anton Makarenko, de educação fundamental, e Força do Saber, do ensino médio. São educandos que participaram das primeiras turmas de escolarização de militantes, na modalidade de EJA (Educação de Jovens e Adultos).

As turmas surgiram a partir da necessidade do acesso à educação para militantes e dirigentes que atuam nas atividades do MST. Helena de Jesus Ramos, de 41 anos, do Assentamento 16 de Maio, em Ramilândia, concluiu o ensino fundamental. Ela havia parado de estudar há 25 anos e afirma que no início não foi fácil superar as dificuldades. Na sua opinião, “essa história de que camponês não precisa estudar” é uma grande mentira burguesa para seguirem dominando os trabalhadores. “Precisamos lutar para que todos os trabalhadores se libertem da escuridão, de não saber ler e escrever. Através do estudo vamos conseguir nos libertar do individualismo, machismo e se tornar mais humano. Sem estudo as pessoas não sabem pra onde ir”, reflete.

As turmas tiveram início em 2007, em parceira com a Secretaria de Educação do Paraná, através do Ceebja (Centro de Educação Básica de Jovens e Adultos) e a Escola José Gomes, em São Miguel do Iguaçu. As aulas ocorreram no período de dois anos, organizadas em tempo escola e tempo comunidade, por onde passaram 76 educandos.

A coordenadora estadual da frente de EJA, do setor de educação do MST do estado, Vanessa Reichenbach, ressalta que a escolarização dos educandos demonstra como a educação, negada aos trabalhadores, é fundamental para a formação humana. Entendendo que o processo educativo não passa só pela escola, mas por todos os espaços na construção do conhecimento. “O ato serviu para mostrar como o acesso ao estudo é importante para melhorar individualmente e qualificar a ação coletiva, fortalecendo valores, criando o habito e a necessidade de estudar, melhorando as relações de trabalho e respeitando as diferenças”, comemora.

Para a maioria dos educandos a motivação de voltar a estudar ganhou força depois que começaram a participar do MST. “Eu parei de estudar quando tinha 17 anos, mas depois que entrei pro movimento percebi que precisava voltar a estudar para entender como funciona a sociedade, ajudar no espaço onde vivo e mudar minhas atitudes”, relata Elcimo Ferreira dos Santos, 32 anos, que vive no acampamento Recanto da Natureza em Laranjeiras do Sul, em nível médio.

Durante a cerimônia também foram homenageados educandos que se formaram em turmas de alfabetização, baseado no método Cubano Sim, eu posso!, e formandos em cursos de graduação, técnicos em nível médio e especialização.O curso de alfabetização do EJA faz parte da Campanha Nacional de Alfabetização do MST – Todos e Todas Sem Terra Estudando!, lançada durante o 5º Congresso Nacional do MST, em Brasília, no ano passado, com o objetivo de tornar todos os acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária territórios livres do analfabetismo.

Neste ano, por meio da Campanha foram alfabetizados 336 jovens e adultos no estado, que freqüentaram 46 turmas. O método Sim eu Posso!, é um programa de alfabetização de jovens e adultos desenvolvido por Cuba, que tem ajudado a erradicar o analfabetismo em diversos países do mundo. As aulas funcionam com a utilização de video-aulas e telenovelas em conjunto com os trabalhos educativos.

O MST luta por uma educação crítica e de qualidade, voltada para a realidade das famílias Sem Terra. Para os trabalhadores o conhecimento precisa estar a serviço da emancipação humana e vinculado a luta,“provocando mudanças, agitando as contradições, reafirmando convicções e retomando em cada um de nós e no coletivo o sentido de ser humano, capaz de transformar a si mesmo e a realidade que está inserido”, garante a coordenadora estadual do setor de educação do MST, Simone Rezende.