Estudantes vivenciam realidade do trabalhador rural no Pará

Neste mês de fevereiro, entidades estudantis e movimentos sociais do campo deram início à primeira edição do Estágio Interdisciplinar de Vivência do Pará (EIV). A fase de preparação ocorreu entre os dias 14 e 19/2, no campus da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), no município de Castanhal. Nesta semana, os estagiários se encontram distribuídos em oito áreas diferentes, que envolvem as regiões do sul, sudeste e nordeste do Estado. Eles irão retornar no dia 26/2, quando tem início a terceira fase do estágio que irá encerrar dia 1/3.

O EIV acontece em nível nacional em diversos Estados, dentre os quais São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Sergipe, Rio de Janeiro, Espírito Santo. Alguns já ocorrem há mais tempo que outros, em Minas Gerais já encontramos na 6ª edição, São Paulo está na 2ª edição. No Pará o EIV está acontecendo pela primeira vez.

Tal estágio é um projeto de formação militante, organizado por movimentos estudantis em parceria aos movimentos sociais populares. No Pará conta como entidades organizadoras: Associação dos Estudantes de Engenharia Florestal (ABEEF), Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (FEAB), Núcleo de Assessoria Jurídica Universitária Popular (NAJUP Isa Cunha), Diretório Acadêmico de Medicina (DAM), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), MST e apoio do DCE da Universidade da Amazônia e DCE Universidade Federal do Pará.

“Esse projeto é uma ferramenta do movimento estudantil e tem como objetivo principal o fortalecimento das lutas dos movimentos sociais, por meio não só da realização do Estágio, mas também com a iniciação dos estudantes estagiários a reflexões comuns sobre a necessidade de avanço em estratégias de enfrentamento ao avanço do imperialismo no campo e cidade”, acredita Terena Castro da coordenação nacional da ABEEF.

A organização do estágio se dá em um ano de planejamento e reflexões a respeito do método e da metodologia a ser trabalhada, além dos princípios que nortearão a construção e execução do EIV, após essa etapa é feita a realização do Estágio, o qual se desenvolve em três fases: a Preparação, em que os estagiários vivenciam não só uma formação política teórica, mas apreendem a relação do trabalho coletivo; a Vivência, em que os estagiários são distribuídos em diversas áreas dos movimentos parceiros e a Retomada, em que os estagiários retornam para socializar suas experiências e aprofundar temas como a juventude e o papel do movimento estudantil no processo revolucionário.

“Para o estado do Pará, a realização dessa experiência é um passo importante para articulação de forças políticas que venham a somar-se na luta contra o capital e construção de um projeto popular para a Amazônia”, comenta Viviane Brigida do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “Mesmo sendo a primeira iniciativa no Estado, já notamos por meio de entrevistas com os estagiários o despertar de um compromisso com a ação e reflexão na realidade de estudante, em que os mesmos estão inseridos”, completa Brigida.

Esta também é a opinião de Sandy Rodrigues da Comissão Organizadora do EIV. “Esperamos que a percepção desses estudantes como sujeitos históricos possa ser potencializada nesta 3ª fase, que está por vir e que o EIV possa ser compreendido como um instrumento de formação dos estudantes e da classe trabalhadora em nosso território, a partir desta primeira versão no Pará”.