Assentamento Nova Canaã comemora seis anos de existência

Trabalhadores e trabalhadoras rurais do assentamento Nova Canaã, localizado no município de Tracunhaém, zona da mata norte de Pernambuco, prepararam uma grande festa no último domingo (15/3). O motivo de celebração foi os seis anos da conquista da terra em que hoje vivem e trabalham os agricultores.

Para comemorar, as 39 famílias assentadas realizaram várias atividades: uma celebração ecumênica, atividades esportivas, almoço coletivo e uma grande confraternização entre os trabalhadores e trabalhadoras dos vários assentamentos da região.

A festa também relembrau o aniversário de 109 anos do nascimento do lutador do povo, Gregório Bezerra. Nascido na região do Agreste do estado pernambucano, Gregório começou a trabalhar nas lavouras de cana com quatro anos para ajudar a família. Preso político e exilado na época da ditadura militar, ele sempre esteve ligado às lutas dos trabalhadores rurais sem terra. Faleceu em outubro de 1983, deixando um legado de luta e resistência para Pernambuco e o Brasil.

História de resistência e conquista dos trabalhadores

Nova Canaã é fruto da luta dos trabalhadores e trabalhadoras que ocuparam as terras dos Engenhos do Grupo João Santos, em 1997, na zona da mata norte do estado. Desde então, as famílias que reivindicavam a desapropriação das terras se tornaram vítimas de inúmeros casos de violências protagonizadas pelo latifúndio. Capangas do empresário em conjunto com a Polícia Militar realizaram vários despejos violentos, ameaças, perseguições, destruição das casas e lavouras como forma de intimidar e combater a luta dos trabalhadores. As famílias enfrentaram com bravura todas as brutalidades e em 2003, obtiveram a primeira conquista: a desapropriação do Engenho Penedinho, que hoje é o assentamento Nova Canaã. Em 2005, as famílias conseguiram que o Engenho Prado também fosse desapropriado, dando origem a mais três assentamentos (Chico Mendes I, Chico Mendes II e Ismael Felipe).

Produzir alimentos

Nas terras dos engenhos, onde antes só havia plantação de cana-de-açúcar, hoje encontramos uma produção diversificada de alimentos. Em nova Canaã, as mulheres se organizam em torno de um grupo que produz doces e poupas de frutas já há cerca de dois anos. Os produtos são feitos a partir do que os assentados plantam, sem agrotóxicos e sem agressão ao meio ambiente Os trabalhadores também construíram no assentamento uma casa de Farinha. Os doces, poupas, a farinha e toda a produção agroecologica abastecem as feiras locais, contribuindo com a autonomia e protagonismo dos trabalhadores e trabalhadoras e oferecendo alimentos saudáveis para a população.

(Com informações da CPT – Comissão Pastoral da Terra)