Adiada a decisão sobre a liberação de arroz transgênico

Em menos de 15 minutos de discussão durante a reunião plenária da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), realizada dia 19/3, dia seguinte à audiência pública em Brasília, os membros da CTNBio decidiram adiar a votação do pedido de liberação do arroz transgênico da Bayer, o Liberty Link 62, até que mais pareceres técnicos sejam apresentados. Esse cuidado contrasta com a atuação da CTNBio nos últimos anos, em que aceitou todos os pedidos de liberação de transgênicos feitos pela indústria, carimbando aprovações sem levar em conta as muitas evidências negativas levantadas contra os transgênicos. Segundo o presidente da Comissão, Walter Colli, o arroz transgênico da Bayer só entrará novamente na pauta de votação no segundo semestre do ano.

“O debate feito na audiência pública deixou evidente que a tecnologia aplicada pela Bayer no arroz tem mais potencial de gerar novos e irreversíveis problemas do que resolver os atuais problemas enfrentados pelos produtores”, afirma Gabriel Fernandes, da AS-PTA.

Em pouco mais de uma semana, o Greenpeace reuniu mais de 15 mil assinaturas de pessoas contrárias à liberação do arroz transgênico da Bayer no país. Participe também, assine aqui.

O caso de contaminação ocorrida nos Estados Unidos em 2006 é emblemático do que pode acontecer no Brasil. Se lá os arrozeiros perderam muito dinheiro e tempo por conta de problemas ocorridos em campos experimentais de arroz da Bayer – teoricamente áreas com monitoramento rigoroso -, os produtores brasileiros têm razões de sobra para estarem preocupados já que uma vez liberado para plantio comercial, o arroz transgênico pode causar um estrago ainda maior.

“Não há como separar a biossegurança da realidade no campo. A CTNBio deve levar em consideração casos passados de contaminação, e não fechar os olhos para os efeitos da eventual liberação comercial do arroz transgênico”, afirma Rafael Cruz, coordenador da campanha de Transgênicos do Greenpeace.

Mas o algodão passou

Em seguida da decisão sobre o arroz, no entanto, os membros da CTNBio votaram o pedido de liberação de outro transgênico, um algodão modificado para resistir a insetos, da empresa Dow Agroscience , e este foi aprovado por 15 votos a favor e 5 contra.

“A Comissão continua ignorando os apelos da sociedade para que não libere transgênicos no país enquanto não forem apresentados pelas empresas estudos que garantam a segurança da saúde humana, da biodiversidade e do meio ambiente”, afirmou Rafael Cruz, coordenador da campanha de Transgênicos do Greenpeace. “No caso do arroz da Bayer, até mesmo produtores estão contra a liberação, porque temem que a inevitável contaminação de suas lavouras prejudique seus negócios de exportação.”

As informações são do Greenpeace