MST realiza marcha no interior de São Paulo

Entre os dias 30 de março e 2 de abril, o MST realiza a Marcha Regional por Justiça Social e Reforma Agrária Já!, na região de Jales (580 km da capital). Participam da mobilização cerca mil trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra acampados, lutando por uma resolução na Justiça Federal dos casos das fazendas que pleiteiam. A Marcha parte de Santa Fé do Sul com destino à cidade de Jales. Serão quatro dias de caminhada.

O objetivo da marcha é denunciar à sociedade a morosidade e o descaso do poder público, em especial do Poder Judiciário, com a causa da Reforma Agrária. Vamos apresentar ao governo e à Justiça as reivindicações das 1.500 famílias acampadas na região”, afirma o integrante da direção estadual do MST, Lourival Plácido de Paula.

A marcha parte de Santa Fé do Sul, às seis horas da manhã da segunda-feira, dia 30. Escolheu-se essa região para resgatar a luta histórica do Movimento Arranca-Capim, ocorrido ali na década de 60 e que deixou as suas marcas. A produção de alimentos presente nos pequenos sítios dos municípios de Santa Fé, Sant’Ana da Ponte Pensa, Urânia e Jales demonstra que a Reforma Agrária tem condições de abastecer o mercado interno e gerar renda para as famílias.

As famílias do MST têm a seguinte pauta de reivindicação:

– agilidade nos processos de desapropriação das áreas improdutivas, em especial os paralisados na Justiça Federal de Jales, sob a responsabilidade do juiz Jatir Pietroforte Lopes.

– que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) acelere o processo da Reforma Agrária e revise os Índices de Produtividade da Terra, conforme promessa do presidente Lula em 2002.

– uma política agrícola justa e permanente que incentive os pequenos e médios camponeses voltados para a produção de alimentos, contra a exploração capitalista no campo, o monocultivo, a destruição da natureza, o favorecimento do latifúndio e das transnacionais.

– plena realização dos direitos sociais estabelecidos na Constituição: terra, trabalho, educação, cultura, saúde e higiene, previdência, moradia etc.

– fim da perseguição do Poder Judiciário aos Movimentos Sociais.

Os manifestantes denunciam que o Poder Judiciário descumpre a Lei no. 76/93, que determina que as terras declaradas improdutivas pelo Incra devem ser desapropriadas e destinadas à Reforma Agrária em 48 horas pelo juiz federal responsável.

Há na região de Andradina dezenas de processos desapropriatórios paralisados na Justiça, como é o caso das fazendas Lagoão (Itapura), Santa Maria e Jangada (Sud Menucci), Santo Ivo, Santa Adélia e São Rafael (Pereira Barreto), Pendengo e Nova Itapura (Castilho), Timborezinho e Macaé (Andradina), Moinho (Guaraçaí), Retiro e São José (Mirandópolis).

“Apesar de já terem sido feitos os depósitos de milhões de reais para indenização dos fazendeiros, a maioria dessas áreas espera há anos sem nenhuma decisão definitiva. Esse dinheiro e essas terras já poderiam estar rendendo frutos, produzindo justiça social, acabando com o sofrimento das milhares de famílias Sem Terra que vivem debaixo das lonas pretas”, afirma Lourival.

Embora acusado de travar uma luta baderneira e defasada, o MST defende que a Reforma Agrária é a verdadeira saída para os problemas estruturais da fome, da violência, do desemprego e do subemprego no Brasil, no campo e na cidade, em vias de se agravarem perigosamente com a crise econômica mundial.

A ONU (Organização das Nações Unidas) reconhece que o MST é o mais organizado, atual e necessário Movimento Social das Américas, porque inclui às suas reivindicações a educação, a cultura, a saúde, a igualdade entre os gêneros, a tecnologia, a ecologia e a paz, além da demanda por terra para os camponeses.

A Marcha será encerrada com um Ato em frente à Justiça Federal de Jales, nesta quinta-feira (2/4), às 14h.