“Governo federal deu muito poder para a CTNBio”, afirma especialista

Da Radioagência NP

Mesmo não havendo estudos e resultados concretos sobre os efeitos que os produtos geneticamente modificados – conhecidos como transgênicos – podem causar para a saúde humana, o Brasil continua autorizando o plantio e comercialização desses produtos para o mercado interno.

Para se ter uma idéia, em uma pesquisa realizada a pedido da Organização Não-Governamental Greenpeace, ficou constatado que mais de 80% dos brasileiros são contra o plantio de transgênicos. Mesmo assim, no último ano, variedades de algodão e milhos geneticamente modificados foram liberadas para comercialização pela CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biosegurança), que é um órgão do Estado responsável por essas aprovações. As empresas que mais foram beneficiadas são as multinacionais Bayer e Monsanto.

De acordo com o coordenador da Campanha de Transgênicos do Greenpeace, Rafael Cruz, além do interesse econômico que é defendido nas liberações, é inaceitável que um pequeno grupo que compõem a Comissão possa decidir como vai se alimentar mais de 180 milhões de pessoas:

“O governo federal deu muito poder nas mãos da CTNBio, principalmente depois da última reunião em junho [2008], na qual saiu o posicionamento de que não mais acataria questionamentos da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] e do Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente] no que diz respeito as decisões da CTNBio. Com esse ‘superpoder’, a questão da biossegurança e a liberação de novos transgênicos é colocada nas mãos de 14 cientistas. São 14 pessoas que decidem o que 180 milhões irão consumir.”

Atualmente, especialistas e sociedade civil estão contra a possível liberação de uma variedade de arroz transgênico também da Bayer, o LL62. Audiências públicas já foram realizadas para debater o assunto e a decisão sobre a liberação pode acorrer no segundo semestre deste ano. Se aprovado, o Brasil será o primeiro país a plantá-lo com fins comercias.