Quilombolas realizam ato na Prefeitura de Garanhuns

Nesta terça-feira (28/4) cerca de 400 quilombolas realizaram um ato público em frente à Prefeitura de Garanhuns, localizada na região do agreste de Pernambuco. Ao todo foram oito comunidades quilombolas dos municípios de Garanhuns, Águas Belas e São Bento do Una, que estiveram presentes na manifestação.

No inicio do mês, as famílias quilombolas ocuparam a Prefeitura do município, mas não foram recebidos por ninguém. Ontem, os quilombolas chegaram à Prefeitura por volta das 9h e levaram uma pauta de reivindicação extensa para ser apresentada ao prefeito da cidade. Na ocasião, as comunidades denunciaram o descaso dos órgãos públicos com a necessidade de reconhecimento das terras quilombolas, a falta de construção de postos de Saúde da Família, de acesso as estradas, segurança e educação nas comunidades quilombolas. Segundo,Eurenice da Silva, da Comissão Pastoral da Terra do Agreste e que acompanha as comunidades da região, no momento existe mais de 200 crianças das comunidades de Castainho e Timbó, localizadas em Garanhuns, que estão impossibilitadas de freqüentar a escola, pela falta de estrutura. “A construção da escola na região foi abandonada desde o ano passado”, afirma Eurenice.

Os quilombolas reivindicam principalmente que haja uma política mais efetiva para o reconhecimento e demarcação de seus territórios. Para a CPT (Comissão Pastoral da Terra), o Incra (Instituto de Colonização e Reforma Agrária) não dispõe de pessoal capacitado e de estrutura para promover o procedimento de titulação e de elaboração de relatórios técnicos. Atualmente existem mais de três mil comunidades quilombolas em todo o país, porém a emissão das certidões que reconhecem formalmente essas comunidades ainda é insignificante. “O agronegócio tem exercido pressões contrárias à titulação dessas terras e, infelizmente, o Governo tem sido mais sensível a essas pressões e interesses do que ao seu dever maior de fazer justiça às comunidades quilombolas”, afirma a CPT de Pernambuco.