Autoridades apuram denúncias sobre ação de milícias no PR

Nesta quinta-feira (30/4), o Deputado Estadual do PT, Tadeu Veneri, e o Ouvidor Agrário do Paraná, Vinícius Gessolo de Oliveira, visitam o acampamento do MST Herdeiros da luta de Porecatu, na fazenda Variante, em Porecatu, Norte do Paraná.

A visita, que tem início às 10h, ocorre para verificar denuncias das famílias Sem Terra de que uma milícia armada vem ameaçando os trabalhadores acampados na fazenda Variante.Tadeu Veneri e o Ouvidor Agrário também se reúnem com representantes locais do Ministério Público, Poder Judiciário e delegado da Polícia Civil, para cobrar investigação sobre a formação de milícia armada, pelo grupo Atalla. Além de proteção às famílias acampadas.

Segundo os Sem Terra, há cerca de um mês homens armados ateiam fogo na cana-de-açúcar da fazenda e, posteriormente, registram notícia crime na delegacia de Porecatu como se o incêndio fosse obra dos trabalhadores rurais. O mesmo grupo também incendiou uma área de reserva da fazenda.

Em outra ocasião, o delegado do Porecatu esteve nos arredores do acampamento acompanhado de seguranças privados do grupo Atalla, e ao encontrar os Sem Terra na lavoura, efetuaram disparos contra as pessoas. Em seguida, no local foram encontradas várias cápsulas de balas de pistola 9 milímetros. Os trabalhadores, que após o ataque registraram Boletim de Ocorrência (BO) na delegacia de Porecatu, afirmam que o delegado da cidade tentou incriminá-los pela própria agressão que foram vítimas.

Em outra tentativa de registrar Boletim de Ocorrência, um trabalhador foi mantido pelo delegado na delegacia por mais de cinco horas, impedido de beber água e ir ao banheiro. E submetido a um longo interrogatório ilegal com perguntas tendenciosas em uma tentativa clara de criminalização das famílias do MST, que vivem na região.

A fazenda Variante foi ocupada por cerca de 2 mil Sem Terra do MST, em novembro do ano passado. Em agosto do ano passado, durante uma ação conjunta entre o Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho e Emprego, MPT (Ministério Público do Trabalho) e a Polícia Federal, a fazenda foi embargada por ter sido encontrado no local, 17 trabalhadores em situação degradante, análoga ao trabalho escravo. A área de 1.362 hectares, que pertence ao grupo Atalla, era utilizada para o plantio de cana-de-açúcar para abastecer a UCP (Usina Central de Porecatu), produtora de açúcar e álcool, de propriedade do mesmo grupo.

A vistoria realizada na UCP encontrou, ao todo, 228 funcionários da empresa em situação degradante, análoga ao trabalho escravo. Também foram identificados casos de exaustão física causada pela jornada excessiva e o trabalho degradante. Na operação, parte da Usina foi interditada e sua estrutura considerada ilegal, por apresentar risco à vida dos trabalhadores. Entre elas, a área de trabalho na plantação de cana.