Sem Terra permanecem presos e conflitos se acirram na PB

Na tarde desta terça-feira (5/5), os dois Trabalhadores Rurais Sem Terra presos e torturados durante despejo ilegal, ocorrido na madrugada do último sábado (2/5), foram transferidos para o Presídio Monte Santo, em Campina Grande. A juíza Adriana Maranhão Silva, do Fórum de Poçinhos, enviou ofício para o Fórum de Campina Grande transferindo o caso.

Na segunda-feira (4/4), os advogados do MST solicitaram a Juíza Adriana Maranhão a liberdade provisória dos Sem Terra, mas até o momento nem a juíza e nem a promotora da cidade se pronunciaram sobre o pedido.

As 150 famílias acampadas em frente à delegacia de Poçinhos, saíram em marcha, no início da tarde de hoje, para a praça central da cidade. Policiais armados realizam constantes ameaças e intimidações aos Sem Terra mobilizados.

Em entrevista à imprensa, o Secretario de Segurança e Defesa Social da Paraíba, Gustavo Ferraz Gominho, declarou que o despejo foi realizado dentro da legalidade e a polícia “nada fez além de cumprir o seu dever”. Os Sem Terra, porém, questionam “qual legalidade é esta, que realiza despejo às três da madrugada do sábado, sem autorização judicial e que tortura trabalhadores que lutam por um pedaço de terra. Será dever da polícia torturar e violentar trabalhadores?”

A Fazenda Cabeça de Boi já foi declarada para fins de Reforma Agrária através do decreto presidencial de 4 de dezembro de 2008. Diferente do alegado pela proprietária, a fazenda não é reserva ambiental e, segundo vistoria do Incra, é totalmente improdutiva.

Esclarecimentos sobre os fatos ocorridos na madrugada de sábado (02/05)

1 – Na sexta-feira (01/05) 60 famílias ocuparam a Fazenda Cabeça de Boi no município de Poçinhos, área com 700 hectares improdutivos e de propriedade de Maria do Rosário Rocha. Essa propriedade já foi declarada apta para a desapropriação, mas a proprietária não aceita o valor da indenização.

2 – No momento em que as famílias estavam montando os barracos, pistoleiros e possíveis policiais sem farda começaram a rondar o acampamento e lançar tiro contra as famílias. Nesse momento o carro Fiat Palio, ano 2003, que servia de apoio ao movimento foi queimado pelos pistoleiros. Diferente do publicado pela imprensa, o carro não foi incendiado pelos acampados, mas pelos pistoleiros. O fogo colocado pelos pistoleiros feriu varias pessoas que estavam construindo seus barracos.

3 – Por volta das 3 horas da madrugada do sábado, a polícia militar fardada, sob o comando do Tenente Jonat Midore Ysak, cerca o acampamento e exige que os Sem Terra desocupem a propriedade. Além de o horário ser indevido para a realização de despejo, os policiais não levou mandado de reintegração de posse, assim sendo um despejo ilegal e sem autorização judicial.

4 – Durante o despejo das famílias, sete acampados são presos e levados para uma casa onde são violentados. Dentro dessa casa, querosene é colocado sob os sete Sem Terra, um deles encontrasse com uma queimadura de terceiro grau no braço.

5 – Depois os trabalhadores presos são levados para a delegacia de Poçinhos, onde dois ainda permanecem presos e cinco foram liberados após muitas agressões. No sábado por volta das 22 horas, os dois presos realizaram corpo de delito apresentando varias marcas no corpo, um deles apresenta fratura na costela. Os outros cinco irão fazer corpo de delito nessa segunda-feira, eles apresentam vários indícios de agressões físicas.

6 – Cinco Sem Terra ainda encontram-se desaparecidos.

Os conflitos no campo intensificaram nesse ano de 2009, onde varias ações de pistoleiros contratados pelos fazendeiros vem ameaçando as famílias Sem Terra que vivem embaixo da lona preta lutando por um pedaço de terra para produzir alimentos.

Movimento dos Sem Terra – MST/PB