V Encontro de Violeiros é marcado por homenagens

Foi realizado o V Encontro dos Violeiros e Violeiras, entre os dias 21 e 24, no Centro de Formação Dom Helder Câmara, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. A festa contou com a participação de mais de 40 violeiros vindos de vários pontos do país. Além deles, uma equipe de 300 colaboradores fez com que o evento pudesse se tornar realidade e acomodasse o público, que compareceu em bom número.

Os shows ocorreram embaixo de uma figueira centenária, com o tema “Os Mestres e Mestras do Saber Popular”. Foi sob esse pretexto que mestres da folia de reis, da viola caipira, da oralidade popular e da luta pela terra foram relembrados com homenagens. Entre os agraciados, estava Luíz Beltrame, poeta e militante centenário. “Fico muito feliz por ser respeitado e bem recebido”, responde.

Além de receber as homenagens, o seu Luiz participou ativamente da festa, inclusive abrindo as apresentações junto do grupo da Folia de Reis. “Foi muito bom porque aquilo é do meu tempo! Quando posso, tô sempre junto. Só não canto porque agora não dá mais!”, confessa. Para Pereira da Viola – músico, organizador e presidente da Associação Nacional de Violeiros – o encontro fica melhor a cada nova edição. “A diferença está na qualificação. A cada ano, o público está mais seleto, é um povo que está atento ao que está sendo cantado e a quem está tocando bem ou não”.

Pereira da Viola também faz questão de diferenciar a cultura da viola da música sertaneja, que invade a programação das rádios hoje em dia. “A viola não tem nada a ver com a música sertaneja, são dois mundos totalmente diferentes. Não adianta as pessoas chegarem no encontro com o estilo de caubói, pois aqui há um compromisso com a linguagem, o discurso e com a informação. Por isso, pra mim é de suma importância a manutenção desse ambiente”, explica. A criação de uma associação de violeiros veio da necessidade de uma melhor organização entre os músicos. “É importante que a sociedade civil se organize para que ela se apodere daquilo que é seu por direito. Não dá pra qualquer violeiro chegar lá e falar com o Ministro da Cultura, por exemplo”, pondera.

A dupla vinda de Goiás, Galvan e Galvãozinho, compareceu pela primeira vez ao encontro e foi muito bem recebida. “Da criança ao mais velho, o carinho com a gente foi muito grande”, conta Galvãozinho. Responsável pelo coletivo nacional de cultura do MST e pelo auxílio à organização da festa, Mineirinho fala da importância do evento. “Os violeiros, cada um na sua forma de tocar e com sua formação cultural, vêm pra cá socializar sua arte”.

Essa troca propicia a valorização de um gênero que preserva as raízes da música caipira. Mineirinho destaca como fundamental o auxílio dos colaboradores, mas fala também dos obstáculos. “Teve muita gente auxiliando, mas a maior dificuldade é o apoio financeiro mesmo. Sem isso, não teríamos condições de receber bem as pessoas. O bom seria ter condições de realizar esse encontro todos os anos”, completa. O evento também é sinônimo de resistência cultural, pois garante a conservação da cultura das violas caipiras e dos “causos” contados pelos violeiros.