Celulose e cana lideraram casos de trabalho escravo no PR

Da Agência Chasque de Notícias

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) do Paraná divulgou nesta quarta-feira (3/6) a mais recente edição da obra Conflitos no Campo. Em forma de pesquisa científica, são divulgados os dados dos conflitos e da violência no campo relativos ao ano de 2008, com enfoque para estado do Paraná. Rogério Nunes da Silva, membro da coordenação estadual da CPT comenta sobre os objetivos da obra.

“O relatório visa reiterar que a violência no campo permanece nesses 24 anos de publicação da obra. O relatório não trás notícias muito boas que são os casos de violência, assassinatos e despejos, mas é um retrato para o sociedade brasileira pensar sobre os desafios do campo que são colocados na atualidade,” diz.

Especificamente no Paraná foram 13 casos de trabalho escravo registrados em 2008. Desses casos foram libertadas 391 pessoas. Rogério enfatiza que o setor açucareiro e o de celulose são os responsáveis por esses números que, em relação a 2007, obtiveram um aumento de 200%.

“É um aumento assustador de trabalho escravo no estado. É um aumento de 200% se comparado com os números de 2007, especificamente em dois dos setores do agronegócio tidos como mais modernos e em plena expansão que são da cana e da celulose. Ou seja, essa expansão desse agronegócio no estado tem intensificado as situação de violação dos direitos dos trabalhadores”, argumenta.

Rogério destaca que o segundo problema diz respeito à violência sofrida pelas famílias camponesas por parte de algumas empresas de segurança privada do estado. “A segunda questão que continua preocupando a CPT é a atuação dos pistoleiros, desses grupos armados, agora escondidos sob a fachada de empresas de segurança. Esses grupos continuam violentando os trabalhadores, principalmente os trabalhadores sem terra. O Paraná continua sendo o estado com o maior número de famílias violentadas por esses grupos no campo brasileiro em 2008”.

A Comissão Pastoral da Terra, desde sua criação em 1975, estuda os conflitos no campo brasileiro por meio de sua rede de agentes de base situados em praticamente todos os estados brasileiros. A CPT, com este trabalho, tornou-se a única entidade a realizar tão ampla pesquisa da questão agrária em escala nacional.