O Cordel Ecológico

Por Medeiros Braga Estudando o ecossistema Vendo os estragos de perto Chegou Euclides da Cunha A dizer firme e tão certo Que o homem por natureza É um fazedor de deserto. No Brasil tiveram início Esses atos predadores Com ações desenvolvidas Pelos colonizadores, Derrubando matas virgens Indiferentes aos clamores. Mas, bem antes um período Houve em que, com seu ardil, Os franceses invasores Num egoísmo febril Derrubaram nossas matas Pra exportar o pau-brasil. Inclusive, esse invasor Despertou toda atenção Dos portugueses que viam Os perigos da invasão,

Por Medeiros Braga

Estudando o ecossistema
Vendo os estragos de perto
Chegou Euclides da Cunha
A dizer firme e tão certo
Que o homem por natureza
É um fazedor de deserto.

No Brasil tiveram início
Esses atos predadores
Com ações desenvolvidas
Pelos colonizadores,
Derrubando matas virgens
Indiferentes aos clamores.

Mas, bem antes um período
Houve em que, com seu ardil,
Os franceses invasores
Num egoísmo febril
Derrubaram nossas matas
Pra exportar o pau-brasil.

Inclusive, esse invasor
Despertou toda atenção
Dos portugueses que viam
Os perigos da invasão,
Vindo, assim, a antecipar
Sua colonização.

Para dar prosseguimento
Ao crime que devastava
Lá surgia o bandeirante
Que o nosso ouro buscava,
E em cada rota seguida
Abria a mata e queimava.

Após, vieram as fazendas
De café, gado, algodão,
E os fazendeiros voltados
Ao lucro da produção
Brocavam imensas áreas
Para roça e criação

Não podemos esquecer
Que o nosso índio, também,
Descobriu e inventou
O fogo sem conter bem,
Favorecendo a queimada
Em matas que ia além.

E assim, de etapa em etapa
Deu-se continuação
Ao processo destrutivo,
Do litoral ao sertão,
De grandes áreas de mata
Queimadas sem proporção.

Lá pelos anos de mil
Setecentos e setenta
Os estados da Bahia
E Pernambuco, sedentas,
Desmataram grandes áreas
Na forma mais truculenta,

Ante esses agravos, senhores
Lá do reino despertaram,
E ficando estarrecidos
Com urgência nomearam
Um Juiz Corregedor
Dessas matas que restaram.

Esses fatos vêm por si
Externar toda razão
Das irregularidades
Climáticas da região,
As enchentes alternadas
Por secas, com precisão.

Toda árvore que concentra
Muita água em seu poder,
No calor do pré-inverno
Vem a evaporecer,
Carregando bem as nuvens
Para que possa chover.

Chovendo nasce a babugem
E, assim, evita a erosão,
Retendo a água da chuva
Há maior infiltração
E lençóis subterrâneos
Com mais volume e vazão.

Mas, com a queima da mata
Tudo isso é alterado,
Esquenta o fogo o ambiente
E faz fumaça um bocado
Poluindo a atmosfera
Pelo seu gás liberado.

Já os combustíveis fósseis,
O gás, petróleo e carvão,
Todos eles extraídos
Lá das entranhas do chão,
Há tempo são vistos como
Focos de poluição.

Também, quando se fabrica
Produtos industriais
São jogadas toneladas
De poluente voraz,
Ferindo o meio-ambiente
Com seus efeitos fatais.

Com isso o efeito estufa
Que é como um cobertor,
É, brutalmente, atingido
Por seus gases de calor
Interrompendo a cadeia
Positiva, de valor.

São os gases do “estufa”
O dióxido de carbono,
Bem como o óxido nitroso
E o pior que é o metano;
No limite, essenciais
À vida do ser humano.

Os gases do efeito estufa
Nos limites são vitais
Para manter o planeta
Nas condições ideais
Com amena temperatura
E adequação eficaz.

No entanto, por excesso
Dos níveis essenciais
Vão os gases suprimindo
Os ambientes normais
Atingindo em cheio a vida
Do homem, planta, animais.

Os excedentes de gases
Causam à vida muito mal,
Poluem o meio-ambiente
E, pra desfecho fatal,
Trazem em si os elementos
Do aquecimento global.

E já ficou comprovado
Que a terra está mais quente;
Que se o homem continuar
Nessa agressão persistente
A terra vai se tornar
Em matadouro de gente.

Nesse ritmo acelerado
De tanta degradação
Já ficou certificado
Que vai haver extinção
De muita espécie de planta
E de animal em roldão.

Proceder, também, se vai
Por conta do aquecimento
A aparição de inseto
Desconhecido, sardento,
E a desertificação
Que só produz sofrimento.

Há cientista que afirme,
Concluída a sua empreita,
Que o calor pode alterar
Em um século de opereta
De dois em até seis graus
O clima desse planeta.

Com o planeta mais quente
Vem, pois, a dissolução
Das geleiras provocando
Enchentes em profusão
Deixando oceanos, lagos
Com seus níveis em elevação.

Da forma como se encontra,
Se, assim, continuar,
Se prevê para cem anos
Que, decerto, se verá
Em até trinta centímetros
Subir o nível do mar.

Muitos milhões de pessoas
Serão bastante afetados,
Pescadores, marisqueiras
Estarão desalojados
E de outras atividades
Ficarão desempregados.

Devido a poluição
É também, grave, atingida
A camada de ozônio,
Imprescindível na vida
Do planeta, pois evita
Que a terra seja ferida.

A camada de ozônio,
Muito espessa, é abrangente,
É uma brava protetora
No combate permanente
Aos raios ultra-violetas
Que danosos são pra gente.

Essa atenta defensora
Situa-se na estratosfera,
Lá pelos trinta quilômetros
Da superfície da terra,
Funciona como escudo
Contra tais raios de guerra.

A função de tal camada
De ozônio, então, se dá
Quando esta absorve
A radiação solar,
Retendo raios danosos
Sem ao espaço liberar.

Se isso não for possível,
Se quedar-se à redenção,
Raios ultra-violetas
No espaço penetrarão,
E punirão pelo câncer
De pele a população.

A coisa, então, se complica
Com mais perigos no ar
Além do câncer da pele
Ela pode provocar
Alergia, catarata,
Chegando mesmo a cegar.

E o sistema imunológico
Que ao homem é tão vital
Será, também, afetado
Lhe causando grande mal
Ao perder o corpo em vida
Sua defesa natural

É tão importante a camada
De ozônio à humanidade
Que se ela se acabasse
Na mesma velocidade
Toda vida do planeta
Teria um fim, de verdade.

No entanto, tudo isso
Pode ser modificado
Consumindo menos gases,
Plantando árvores ao lado,
Reduzindo a energia,
Tendo o lixo reciclado.

O que traz dificuldade
Para o planeta salvar
É que o país yanque
Pôde sua gula mostrar
Se impondo ao “Protocolo
De Kioto”, sem assinar.

O Protocolo Kyoto
Previa com atenção
Que os seus participantes
Reduzissem a emissão
De gases na atmosfera,
Baixando a poluição.

Mas, o presidente Bush
Prepotente afirmaria
Que os ditos compromissos
Assumir não poderia,
Pois, teria que mexer
Nos lucros da economia.

Confiante nas reservas
Florestais dos aliados
Que conseguem absorver
Os gases que são lançados,
As potências econômicas
Não têm os ditos cuidados.

Diferente do agressor
Que, insano, manda brasa;
Que a luta dos defensores
Desestimula e atrasa,
Cada um, com honra, deve
Fazer o dever de casa.

Vamos todos protestar
Da exploração da madeira,
Do uso do adubo químico,
Do avanço da fronteira
Agrícola pelos transgênicos
Por não ser nossa bandeira.

Vamos todos protestar
Contra as empresas rurais
Que desperdiçam as águas
Com irrigações-lamaçais,
Que intoxicam os solos,
Os seus germens, os vegetais.

Vamos todos protestar
Contra o contrato egoísta
Onde a pobreza e a riqueza
São de forma vigarista
Construídas sob a ótica
Do lucro capitalista.

Não é sonho, fantasia,
Mera utopia, tolice,
Pode o homem realizar
O que sonhou e já disse
Se cada um se educasse,
Se todo povo se unisse.

Somente educado, unido,
Pode o povo em sua esfera
Impor dos seus predadores
Com punição mais severa
Para que recolham os gases
Lançados na atmosfera.

Mas, nós temos que ver mais,
Conhecer melhor o tema,
Ter consciência de que
Compreendendo o dilema
Partiremos com mais força
Pra resolver o problema.

Se cada um, pois, fizer
Sua parte, com certeza,
Espontâneos, destemidos,
Com a mais nobre presteza
Virão, então, todos povos
Amantes da natureza.