Educadores do campo realizam encontro no Ceará

Entre os dias 1 e 2/8, cerca de 70 educadores e educadoras do MST estiveram reunidos na comunidade de Quieto, no assentamento 25 de Maio, na cidade de Madalena, para a realização do I Encontro de Educadores e Educadoras das Escolas do Campo do MST naquele Estado.

Entre os dias 1 e 2/8, cerca de 70 educadores e educadoras do MST estiveram reunidos na comunidade de Quieto, no assentamento 25 de Maio, na cidade de Madalena, para a realização do I Encontro de Educadores e Educadoras das Escolas do Campo do MST naquele Estado.

O encontro teve como objetivos aprofundar a discussão sobre a implementação de 11 novas escolas do campo conquistadas pelo moviemnto, o projeto político pedagógico, a situação da educação nos assentamentos e acampamentos do Ceará e a diferença das escolas rurais para a escola do campo que queremos. Enfim, uma verdadeira educação do campo voltada a discutir a realidade do povo camponês, compreendendo a escola não só como uma mera estrutura, mas também como uma instituição que trabalha a questão social, cultural e prepara os educandos para a vida no campo.

A luta pela educação do campo no Ceará

Desde os anos 90 o MST tem se preocupado com a situação da educação nos assentamentos e acampamentos do Ceará. A negligência dos sucessivos governos neoliberais que já passaram por aqui, que não tiveram e que não têm uma política de educação que atenda os anseios do povo cearense, sedimentou a condição precária das redes de ensino público, a falta de transporte escolar e a falta de escolas, principalmente nas áreas rurais e nos assentamentos de Reforma Agrária.

Essa questão tem sido uma das principais bandeiras de luta dos movimentos sociais do campo. No período de chuvas, o inverno nordestino, a situação se agrava, a maioria das escolas dos municípios do interior do estado ficam sem funcionar e isso acaba prejudicando os jovens. Muitos não podem se deslocar, pois ficam sem acesso à escola.

Daí vem a preocupação do MST em reivindicar a construção de escolas nas áreas de assentamentos, pois com isso crianças e jovens não precisam mais se preocupar com o deslocamento até as cidades. Apenas 5% dos assentamentos federais existentes no estado possuem escolas de ensino médio. Em muitas áreas, a distância entre o assentamento e a escola chega a ser de 100 km para ir e voltar. O risco de acidentes é grande, pois a longa distância está agregada ao transporte precário: em muitos lugares é o velho pau-de arara que assume o papel do transporte escolar.

Pelos números do IBGE, a taxa de analfabetismo no Estado, na faixa etária de 15 anos ou mais, é de 25,4%, menor que a da Região Nordeste (26,2%). Para o Ensino Médio, o desempenho do estado (20,1) é menor que a nacional (33,3). Dados preocupantes que indicam a falta de investimento do governo na área da educação.

Desde 1998, quando o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), foi criado, o MST vem buscando alfabetizar os jovens e adultos dos assentamentos, já são mais de 5 mil jovens e adultos que sabem ler e escrever graças a uma oportunidade de estudar no seu assentamento. Só no Ceará foram seis turmas de Magistério da Terra, em parceria com a Universidade Estadual do Ceará (UECE), e duas turmas de Pedagogia de Terra, em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC).

Mesmo com todas as dificuldades impostas pelo sistema e a falta de investimentos em educação por parte dos governos Federal e estadual nas áreas rurais, a luta dos trabalhadores tem obtido muitas conquistas. Nada foi dado de presente, a não ser pela pressão dos trabalhadores. Apesar dos ataques da burguesia não desistimos de lutar por uma educação para todos.