MST deixa Incra e fazenda Antoniazzi, em São Gabriel
Famílias Sem Terra desocuparam, nesta terça-feira (15/9), o prédio do Incra em Porto Alegre e a Fazenda Antoniazzi, em São Gabriel (RS). A Polícia Federal havia dado prazo até o meio-dia para que os sem terra saíssem pacificamente do prédio da estatal.
Já na Fronteira Oeste, as 350 famílias estavam praticamente sem comida, já que a Brigada Militar impedia a entrada de alimentos no acampamento desde a sexta-feira passada. Cedenir de Oliveira, da coordenação do Movimento Sem Terra (MST), reclama que os agricultores estavam praticamente sitiados na área.
“O governo não teve capacidade política de atender a nossa pauta e nos apresentou o responsável da Polícia Federal e o comandante da Brigada Militar para negociar, entendemos que o melhor seria nos retirarmos das duas ocupações”, diz.
Em São Gabriel, as famílias começaram a deixar a fazenda cedo da manhã e seguiram, em caminhada, até o Acampamento Elton Brum da Silva. No Incra, os Sem Terra realizaram, de manhã, um ato público e saíram do prédio no início da tarde, depois de terem a confirmação de que as famílias deixaram a Fazenda Antoniazzi sem problemas.
Embora o Incra afirme que não irá retomar a desapropriação da fazenda, Cedenir diz que o MST continuará a reivindicar a área, assim como o assentamento das duas mil famílias acampadas no estado. Outra exigência dos Sem Terra é de que o governo federal publique os novos índices de produtividade.
“A posição do MDA [Ministério do Desenvolvimento Agrário] neste conflito foi negligente. Porque ele tem consciência da problemática agrária no RS, tem consciência de que abriu mão de sete mil hectares de terra, tem consciência de que não tem apresentado nenhuma alternativa às famílias. A atitude do MDA e do ministro [Guilherme] Cassel foi covarde. Ao invés de enfrentar os desafios e os problemas agrários deste estado, em certa medida não reconheceu o processo de mobilização”, avalia.
As famílias que estavam no Incra e na Fazenda Antoniazzi voltaram para seus acampamentos de origem. O MST promete novas mobilizações.
