Os senhores da senzala X A terra como bem social

Senhores que pensam ainda viver nos tempos das senzalas. Não há outro modo de definir este grupo conservador encabeçado pela senadora Kátia Abreu (TO) e os deputados federais Ronaldo Caiado (GO) e Onyx Lorenzoni (RS), todos do DEM, que protocolaram, na última semana, o pedido de criação de comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI), tentando mais uma vez criminalizar um dos grupos mais organizados do campo do nosso Brasil: o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), formado por trabalhadores que buscam um direito garantido em nossa Constituição.

Senhores que pensam ainda viver nos tempos das senzalas. Não há outro modo de definir este grupo conservador encabeçado pela senadora Kátia Abreu (TO) e os deputados federais Ronaldo Caiado (GO) e Onyx Lorenzoni (RS), todos do DEM, que protocolaram, na última semana, o pedido de criação de comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI), tentando mais uma vez criminalizar um dos grupos mais organizados do campo do nosso Brasil: o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), formado por trabalhadores que buscam um direito garantido em nossa Constituição. Não admitem que eles lutem por seus direitos.

Através da ação acusam o Movimento de receber, de maneira ilícita, recursos públicos. Essa é a terceira CPI instalada no Congresso Nacional contra o MST nos últimos cinco anos. Entretanto, essa ação descabida tem um motivo: a pressão do Movimento para que o Governo Federal reveja e atualize os índices de produtividade da terra no Brasil.

Aí, infelizmente pra eles, o dedo da sociedade e dos trabalhadores da terra cutuca forte na ferida e essa CPI surge para reprimir a movimentação. Os senhoris da senzala, setor conservador e burguês, não admitem que a Constituição de 1988 seja cumprida, assim como a Lei Agrária, de 1993. A Lei prevê que “os parâmetros, índices e indicadores que informam o conceito de produtividade serão ajustados, periodicamente, de modo a levar em conta o progresso científico e tecnológico da agricultura e o desenvolvimento regional”. Por incrível que pareça, mas não é de se estranhar, ainda vivemos com parâmetros no censo agrário de 1975. Isso mesmo, de 34 anos atrás.

É preciso lembrar que no decorrer desse tempo o avanço tecnológico no campo teve um crescimento estrondoso. Sendo assim, esse censo está extremamente defasado e beneficia apenas os grandes detentores de terra em nosso país. Isso porque, com a atualização dos parâmetros de produtividade, também se atualizam os índices de desapropriação e agiliza-se a Reforma Agrária. Daí a revolta do grupo senhoril quando a questão vem à tona. Daí também o motivo dos urros desesperados dos donos dos tronos.

De acordo com a proposta, os novos índices seriam calculados com base no período de produção entre 1996 e 2007, com respaldos de estudos técnicos do IBGE, da Unicamp e da Embrapa. Esses índices também serviriam para analisar a produtividade em assentamentos rurais.

Não aceitam que a terra seja vista, inclusive, como um fator social ao qual todos tem direito. Não bastasse serem acostumados a não cumprir legislações ambientais e trabalhistas. Como o próprio MST afirma em nota, são 25 anos tentando destruir o Movimento por meio de violência de grupos armados e contratados pelos latifundiários, por órgão repressores do Estado e setores do Judiciário, além da mídia burguesa e CPI’s.

Esse é o maior medo deles, que a lei seja cumprida. Não se preocupam com o Brasil, com quem vive nele, com quem necessita de um pedaço de terra para continuar a vida de uma maneira digna. Não se preocupam com homens, mulheres e crianças e o direito à moradia digna, direito a produzir seus alimentos, planejar um futuro e poder dormir de maneira humana. Se preocupam sim em manter os berços de ouro, os tronos senhoris, em criminalizar quem entra em seus caminhos, sem querer analisar quem realmente provoca o crime, quem realmente burla a lei, a opinião pública, a vida e a terra!

Luci Choinacki
Presidente Estadual do PT de Santa Catarina