Via Campesina repudia despejo de camponeses em Honduras

A Via Campesina divulgou, nesta quarta-feira (30/9), nota sobre o despejo violento de um grupo de camponeses que mantinham tomadas as instalações do Instituto Nacional Agrário (INA), em Honduras. Leia, abaixo, a íntegra da nota:

A Via Campesina divulgou, nesta quarta-feira (30/9), nota sobre o despejo violento de um grupo de camponeses que mantinham tomadas as instalações do Instituto Nacional Agrário (INA), em Honduras.

Leia, abaixo, a íntegra da nota:

Como a resistência já havia previsto, com este novo decreto emitido pelo regime golpista, que mantém em estado de sítio o país por 45 dias prorrogáveis, o propósito é continuar reprimindo os setores populares que se opõem ao golpe de Estado, já que uma vez suspensas as garantias individuais no fim de semana passado, nós hondurenhas e hondurenhos estamos totalmente desprotegidos e expostos a mais violações a nossos direitos e, portanto, a mercê dos golpistas.

Este decreto executivo [PCM] 016-2009 entrou em vigência de imediato, sem prévio consenso, com o único propósito de desarticular a resistência. Apesar de nesta terça-feira o Congresso Nacional haver pedido ao presidente de [facto] Roberto Micheletti seu cancelamento, ele continua vigente e é aplicado cada vez que lhes convêm, enquanto passa o tempo e seguem consultando se é conveniente seu cancelamento – já que o argumento dos golpistas é que este foi criado para manter a ordem. Mas a população sabe que o objetivo é ir se instalando no poder e legitimar as eleições de novembro.

O regime golpista, valendo-se da suspensão das garantias individuais, e sabendo que o setor camponês é importantíssimo nesta luta, despejou violentamente hoje, quarta-feira (30/9), às 5h30, um grupo de camponeses que mantinham tomadas as instalações do Instituto Nacional Agrário (INA), desde uma semana depois do golpe de Estado (ocorrido no último dia 28 de junho). As camponesas e camponeses expressaram desde o início que não reconheciam este governo golpista, assim como também o novo diretor nomeado para esta instituição, de sobrenome·Sevilha, e foi por isso que os camponeses estavam vigilantes para cuidar de toda a documentação que lá se encontrava – e que na verdade pertence a eles, porque esta entidade é a encarregada de entregar-lhes as terras aos grupos camponeses mediante programas de Reforma agrária em todo o país.

No despejo, participaram muitos policiais e militares que rodearam a região onde está localizada esta entidade estatal. Não só tiraram os camponeses do local, mas os levaram presos a diferentes postos policiais da capital. Estima-se que os detidos são aproximadamente 53 camponeses, entre eles 6 mulheres, e dois guardas de segurança da instituição que estavam apoiando os companheiros.

Neste momento, a polícia e o exército estão no prédio e seu diretor está chamando os empregados para que voltem a trabalhar.

Por sua vez, a Via Campesina em Honduras, coordenada pelo companheiro Rafael Alegría (que estava no INA no momento do despejo para tentar evitá-lo), convocou uma reunião de emergência à dirigência camponesa em nível nacional para tomar medidas e buscar uma solução para o conflito. Além disso, já há advogados trabalhando no caso para libertar os companheiros e companheiras que foram detidos nesta manhã.

A Via Campesina em Honduras solicita aos movimentos sociais internacionais, e especialmente às organizações camponesas, sua solidariedade e apoio à difícil situação pela qual atravessam nossos companheiros camponeses, produto da repressão e da crise política que vive Honduras há mais de três meses.

Via Campesina