MST presta homenagem à CPT

Da CPT Em comemoração aos 25 anos de história e luta, o MST realizou entre os dias 14 e 17/10 o XVIII Encontro Estadual no município de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná. No dia 16, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), entre outras entidades, recebeu uma homenagem do Movimento pelo apoio prestado à organização.

Da CPT

Em comemoração aos 25 anos de história e luta, o MST realizou entre os dias 14 e 17/10 o XVIII Encontro Estadual no município de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná. No dia 16, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), entre outras entidades, recebeu uma homenagem do Movimento pelo apoio prestado à organização.

Para João Pedro Stedile, membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a realidade brasileira, por suas contradições, gerou os sem terra e a CPT foi fundamental para o início da organização desta classe trabalhadora. “A CPT é uma espécie de nossa madrinha. Nós sempre seremos gratos não só a ela, mas ao trabalho pastoral das igrejas cristãs, seja metodista, luterana ou católica.”

Stedile ainda lembrou a importância dos trabalhos realizados pela entidade no período da Ditadura Militar. “Sobretudo naqueles anos duros de Ditadura tiveram a coragem de fazer o trabalho de base que levou o conhecimento e a consciência para essa classe de pobres do campo que estavam completamente abandonados. Esse trabalho de base persistente é que criou o cimento que foi sendo base para que os trabalhadores fossem construindo suas ferramentas de organização”, salientou.

Presente desde as primeiras ocupações do MST, a Comissão Pastoral da Terra foi a primeira entidade a ser homenageada no evento. Representada pela agente e membro da coordenação estadual, Isabel Diniz, a CPT recebeu das mãos do companheiro José Damasceno, membro da coordenação do MST no Estado do Paraná, uma placa em agradecimento. “A CPT tira o chapéu e reconhece o MST como um dos maiores e mais importante movimento de organização social e popular” destacou Isabel.

Em memória a todos aqueles e aquelas que contribuíram para a caminhada da entidade, Isabel Diniz ressaltou nomes como do colono agricultor impactado pela barragem da Usina de Itaipu, Silvério Kollin que foi um exemplo de luta, persistência e organização. Outros companheiros e companheiras foram lembrados como o pastor Werner Fucks, da Igreja Luterana, o padre Inácio, a Irmã Lia ou ainda a agente Maria Pinheiro Pereira, a dona Lina, entre tantos outros que fizeram da trajetória da CPT uma história marcada pela luta por um país mais justo, de sonho revolucionário e de testemunho. “Na memória destes queremos agradecer o reconhecimento deste filho grande que se torna adulto. Que nós possamos continuar, porque temos, com certeza, mais 25 anos de luta e de responsabilidade.”

Para José Damasceno a CPT tem um papel determinante, tanto no surgimento do MST quanto no acompanhamento e parceria que presta até os dias de hoje. “Nós fazemos a luta pela terra e nesta luta nós reunimos homens, mulheres e crianças de vários seguimentos, partidos e religiões e a CPT com o seu entendimento, com sua estratégia de formação política e, principalmente, com seu ecumenismo, contribui muito para o crescimento e na construção da unidade do MST.”

“Somos agricultores protagonistas de nossa história”

Eduardo Cioneck, um dos importantes agentes que ajudou a construir a história da CPT, também foi um dos homenageados no ato comemorativo aos 25 anos do MST. Em menção ao Concílio Vaticano II, que ocorreu na década de 1960, Cioneck lembrou que foi neste ato que o Papa João XXIII disse: os agricultores devem ser os principais protagonistas do seu papel, da sua história. “A gente não tinha o conhecimento sobre quem era João XXIII, sobre o que rolava na igreja nesse período, sobre o que acontecia no mundo de Deus e nesse mundo de sonhos apenas sabíamos rezar, agradecer, pedir e aprendíamos a lutar.”

O Concílio Vaticano II acontece e as Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s) surgem. A Pastoral Rural, que mais tarde uniria forças e se fundiria com a CPT, começa suas atividades na década de 1970. Em 1977, em uma assembléia geral da Pastoral Rural que reuniu mais de dez mil agricultores na Diocese de Ponta Grossa desalojados pela construção da Usina de Itaipu, “centenas de pessoas se reuniram para fundar, para proclamar e para assumir a função de sermos de fato agricultores protagonistas de nossa história, como conclamou o papa João XXIII”, relembra Cioneck.

“Somos perseguidos e seremos sempre perseguidos. Eu diria que somos igual massa de pão na mão de uma mãe de família: quanto mais nos batem, mais nós crescemos. Nestes 25 anos de luta tivemos muitas vitórias e conquistas, mas temos muito ainda para conseguir. A luta continua.”