MST participa de Fórum sobre Educação do Campo
Entre os dias 28 e 30/11, uma delegação com 60 militantes e educadores Sem Terra de diversos estados do Brasil marcam presença no Fórum Internacional da Sociedade Civil (Fisc) 2009. O evento, que acontece no campus da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, reúne 1,2 mil representantes de diferentes movimentos, redes e organizações de todo o mundo, interessados em debater, trocar e articular experiências no campo da Educacão de Jovens e Adultos (EJA).
Membro da comissão organizadora do evento, o MST compartilhou um pouco do trabalho de educação do campo desenvolvido ao logo de 25 anos em acampamentos e assentamentos de Reforma Agrária.
Inclusão da exclusão
“No sistema do capital, o uso da palavra ‘inclusão’ é feito para camuflar o interesse de ‘dominação’ “. Esse foi o alerta feito por Divina Lopes, integrante do setor de Educacao do MST, para introduzir o tema do debate Educacao para inclusão, realizado na tarde do segundo dia do Fórum.
Para Divina, essa ‘inclusão’ é muito bem traduzida pelas idéias de Luís Carlos Freitas, professor da Faculdade de Educacao da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp): trata-se de uma falsa inclusão ou de uma exclusão dentro do sistema.
Divina lembrou que, no Brasil, as políticas sociais comuns enfocam vários sistemas de educação para a inclusão – de mulheres, jovens, adultos, negros, negras, portadores de necessidades especiais, entre outros -, mas não têm efetividade. “Quando se olha de perto a aplicação dessas políticas, vê-se muito pouco resultado”, explica. No caso da educação do campo, por exemplo, o que se percebe é que o nível de escolaridade diminui conforme o aumento da faixa etária e, é claro, da falta de acesso à terra.
No caso da maioria dos programas educacionais voltados para jovens e adultos, percebe-se entraves que os impedem de serem libertadores. Muitos deles são temporários, desconectados com a vida concreta das pessoas e incompletos, ou seja, não proporcionam a possibilidade de um aprofundamento nos estudos. “A educação não será libertadora enquanto não nos livrarmos desse sistema excludente que vivemos hoje”, atenta Divina.
Segundo ela, um programa de educação voltado para jovens e adultos necessita, antes de mais nada, estar relacionado a outros programas sociais, pois de outra forma não dá liberdade aos trabalhadores para que se debrucem sobre os estudos.
MST e educação
Em contraposição ao modelo dominante de educação está a educação emancipadora. “Para nós (do MST) educação é toda a prática que atua na formação de sujeitos”, expõe Divina. Marchas, reuniões, atos, todos os espaços construídos pelo coletivo são educativos e pedagógicos. “Para nós, a Reforma Agrária também é o espaço da educação, não por acaso o espaço da escola é o primeiro a ser garantido quando se ocupa a terra”, conta. “Hoje já temos assentamentos que garantem toda a educação básica. Mas a luta é muito difícil, ainda mais em momentos como o atual, em que passamos por um forte processo de criminalização dos movimentos sociais”.
Saiba mais sobre o Fisc
O Fisc tem como fim preparar a participação da sociedade civil na Conferência Internacional de Educação de Adultos (Confitea VI) – que ocorre a cada 12 anos e terá sua sexta edição realizada em Belém, entre os dias 1 e 4/12 – bem como articular os diferentes movimentos, redes e organizações da sociedade civil que vêm atuando pelo direito à Educação de Pessoas Jovens e Adultas (EPJA).
É nesse sentido que o Fórum Internacional de Sociedade Civil (FISC) surge como espaço aberto de encontro: pretende reunir e articular pessoas, entidades e movimentos da sociedade civil de diversos países para aprofundar a reflexão, o debate democrático de ideias, a formulação de propostas, a troca livre de experiências e a articulação para ações eficazes através da Educação de Pessoas Jovens e Adultas (EPJA).