MST recebe apoio em Encontro Internacional de Agroecologia

Entre os dias 22 e 25 de novembro, Havana sediou o II Encontro Internacional de Agroecologia e Agricultura Sustentável, que reuniu representantes de organizações camponesas e indígenas de 26 países. O evento realizado na capital cubana debateu a aplicação de estratégias comuns para o desenvolvimento de práticas agroecológicas frente às agressões decorrentes da aplicação de produtos e insumos químicos, que atentam contra a vida humana e o meio ambiente.

Entre os dias 22 e 25 de novembro, Havana sediou o II Encontro Internacional de Agroecologia e Agricultura Sustentável, que reuniu representantes de organizações camponesas e indígenas de 26 países. O evento realizado na capital cubana debateu a aplicação de estratégias comuns para o desenvolvimento de práticas agroecológicas frente às agressões decorrentes da aplicação de produtos e insumos químicos, que atentam contra a vida humana e o meio ambiente.

Na declaração final do Encontro, os participantes se posicionaram em favor dos povos latino-americanos que vêm sofrendo tentativas de aniquilação por parte da direita. Entre as manifestações de repúdio, foi citada a criminalização do MST no Brasil. “Hoje, essas forças da direita no Brasil se propõem a destruir o MST. Por isso, condenamos e mostramos ao mundo esta suja manobra, e nos solidarizamos com os irmãos do MST – comprometendo-nos a lutar unidos por todas as vias possíveis para evitar que estas forças de direita, com apetites imperialistas, alcancem seus objetivos”, expressa o documento.

Leia abaixo a íntegra do texto.

Declaração Final

Companheiras e companheiros,

É uma grande honra para nós, representantes de 26 países, ter compartilhado neste II Encontro Internacional de Agroecologia e Agricultura Sustentável importantes critérios, idéias, sugestões e valiosas experiências.

Cuba, digna anfitriã deste segundo evento, nos permitiu apreciar diretamente os resultados alcançados pelos camponeses cubanos neste movimento que cada vez mais conscientiza o mundo sobre a necessidade de alcançar uma agricultura sustentável, para que desapareça a fome e não o homem.

Nos orgulha que este evento tenha acontecido neste país irmão, que continua sendo para os povos da América, do Caribe e do mundo um vivo exemplo de dignidade e resistência frente a um império e um mundo doente.

Os exemplos de unidade, patriotismo e solidariedade desinteressada que a cada dia protagoniza seu heróico povo, em defesa de sua causa e de todos os nossos povos, constituem o imenso poder das idéias justas que hoje distinguem os cubanos.

Como esta pequena ilha poderia suportar um bloqueio econômico genocida, comercial e financeiro imposto pela potência mais poderosa do mundo, por mais de 50 anos, se não fosse pela firmeza, integridade, decisão de vencer e seguir adiante até alcançar a vitória?

Para dar uma amostra do que significou o impacto do bloqueio e a solidariedade pelo mundo, há alguns dias na organização das Nações Unidas foi aprovada a resolução apresentada por Cuba para pôr um fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro, em que votaram a favor 187 países dos 192 presentes no plenário. Este novo triunfo de Cuba expressa a validade dos argumentos que o governo cubano vinha denunciando em diversas tribunas do mundo contra este cerco econômico, que prejudica, pelo seu caráter extraterritorial, as economias de outras nações. A votação em favor de Cuba foi um fiel reflexo do isolamento que cada vez mais sofre a política norte-americana contra a Ilha da liberdade.

Por outro lado, o império não se resigna às mudanças que vêm acontecendo em nossa América Latina. O golpe da direita contra a República de Honduras que fez pedacinhos da constituição desse país irmão poderia ser o reinício daquela vergonhosa época onde a ordem do dia eram os golpes de Estado. Por isso, nós, que fazemos parte dos que lutam contra governos que ignoram as mudanças e as identidades nacionais e culturais dos povos, repudiamos este golpe e exigimos que, sem condicionamento algum, se restituam em Honduras os direitos constitucionais e sua ultrajada democracia seja respeitada.

As forças da direita e os governos neoliberais na América Latina criminalizaram os movimentos sociais, assassinando camponeses e indígenas. Hoje, essas forças da direita no Brasil se propõem a destruir o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Por isso, condenamos e mostramos ao mundo esta suja manobra, e nos solidarizamos com os irmãos do MST – comprometendo-nos a lutar unidos por todas as vias possíveis para evitar que estas forças de direita, com apetites imperialistas, alcancem seus objetivos. O MST e seus integrantes não permitiram, nós também não permitiremos.

Da mesma forma, repudiamos a decisão adotada pelo governo da Colômbia, pactuando com o dos Estados Unidos para o estabelecimento de nada menos que 7 bases militares no seu território, na mesma fronteira venezuelana, fazendo o jogo do programa de expansão belicista do pentágono imperialista – o que se constitui não só em uma séria ameaça de guerra contra a pátria de Bolívar mas transcende e põe em perigo também a segurança dos países do continente americano.

A cada dia, os investimentos financeiros para a corrida armamentista de poderosas nações crescem e, enquanto são milhões de milhões as despesas militares, os pobres e os famintos no mundo vão se tornando milhões e milhões.

Na recente cúpula mundial sobre Segurança Alimentar realizada em Roma (onde Cuba criticou a atitude dos governantes dos países ricos que estiveram ausentes), ficou claro que a fome é uma das mais terríveis armas de destruição em massa, e as inocentes crianças são as vítimas mais vulneráveis, somando diariamente, no mundo inteiro, milhares os que morrem por esta causa.

Claro está, para nós, que se não atuarmos e denunciarmos com veemência esta tragédia que estamos vivendo – entre guerras, epidemias, fome, mudanças climáticas e crises econômicas, somadas à falta de vontade política dos governos dos países ricos para resolver esta situação – a humanidade desaparecerá.

Em contraste com esse quadro, os aqui presentes que pertencemos a diferentes organizações camponesas e indígenas, mantemos nossas lutas para que desapareça a insegurança alimentar, contribuindo com nossos esforços para que não exista 80% da população mundial imersa na pobreza e que não sejam milhões de seres humanos os que sofrem do flagelo da fome.

As jornadas ocorridas durante a comemoração deste II Encontro nos permitiram refletir, debater e planejar a aplicação, em nossos países, de estratégias comuns para continuar desenvolvendo de forma mais massiva as práticas agroecológicas, para fazer frente aos graves problemas de agressão à natureza e ao meio ambiente, com a aplicação de produtos e insumos químicos e tóxicos que atentam seriamente contra a vida humana.

Por isso, nos pronunciamos neste Encontro pelo estabelecimento de compromissos mais ambiciosos, sérios e decididos pelos nossos povos para expandir com força a aplicação de todos os métodos da diversidade agroecológica em favor da agricultura sustentável, respeitando as necessidades da natureza e a mãe terra, da qual dependerá eternamente a subsistência da humanidade.

Este II Encontro ratifica o formulado no primeiro evento, de enfrentar com firme vontade a nova manobra ianque já em curso, de produzir combustível com os alimentos. Isso acelerará mais ainda a fome e até a morte de uma grande parte da humanidade.

Queremos aproveitar esta oportunidade para deixar convocada a execução do III Encontro Internacional de Agroecologia e Agricultura Sustentável, em novembro de 2011, em Cuba. Será o ano em que a Associação Nacional de Agricultores Pequenos (ANAP) celebra o 50º aniversário de sua constituição e, por isso, faremos um digno cumprimento a esta organização camponesa.

O evento que promovemos avaliou, também, o importante papel que desempenha o promotor dentro do Movimento Agroecológico, quem materializa de forma concreta e dá vida ao programa de ‘camponês a camponês’ que estamos impulsionando e estimulando. Consideramos, portanto, convocar também a realização do primeiro encontro de promotores como parte do programa que se desenvolverá no III Encontro, que enriquecerá ainda mais o cumprimento dos objetivos que traçamos em favor do desenvolvimento de uma agricultura ecológica.

Queremos agradecer a todas as organizações camponesas e indígenas do mundo que trabalham para alcançar e demonstrar que outro mundo melhor é possível.

De forma particular, agradecer à Associação Nacional de Agricultores Pequenos (ANAP) pelo acolhimento e organização, que possibilitou que se cumprissem todas as expectativas colocadas para a realização deste II Encontro.

Neste documento final, cumprimos com o dever de respaldar Cuba na sua tenaz luta pela liberação dos 5 cubanos antiterroristas presos, injusta e cruelmente, em prisões dos Estados Unidos. Por isso, os aqui presentes dizemos ao heróico povo cubano que não estão sós nesta nobre e justa causa em favor da libertação dos heróis irmãos; que chegue até eles nossa solidariedade, coragem e segurança.

Viva o II Encontro Internacional do Movimento Agroecológico!

Globalizemos a Luta, Globalizemos a Esperança.

Trabalhemos porque outro mundo melhor seja possível!

Assinam:

Cuba
El Salvador
Equador
Haiti
Indonésia
Guatemala
Colômbia
Suíça
Alemanha
Paraguai
Nicarágua
Congo
Siri Lanka
Argentina
Espanha
República Dominicana
Brasil
Chile
Honduras
Costa Rica
Canadá
Peru
Índia
Filipinas
México
Moçambique