Justiça condena coronel acusado de chefiar milícia

A Justiça Federal condenou o tenente-coronel aposentado da PM Valdir Copetti Neves a 18 anos e 8 meses de prisão além de um ano de detenção, 437 dias-multas e ainda deve perder o cargo de coronel da PM pelo caso que ficou conhecido como “Março Branco”.

A Justiça Federal condenou o tenente-coronel aposentado da PM Valdir Copetti Neves a 18 anos e 8 meses de prisão além de um ano de detenção, 437 dias-multas e ainda deve perder o cargo de coronel da PM pelo caso que ficou conhecido como “Março Branco”.

O coronel foi responsabilizado por chefiar uma milícia armada, formada por policiais aposentados, que era contratada por fazendeiros para fazer a guarda ilegal de terras na região de Ponta Grossa, no Paraná. A milícia praticou vários crimes, desde tentativas de homicídio até o fornecimento de armas e drogas para incriminar outras pessoas.

O coronel já havia sido investigado e preso em 2005 acusado de fazer parte de uma das maiores quadrilhas de extermínio do país, também formada por policiais militares, além de advogados e assaltantes.

Desta vez, Neves foi condenado por tráfico internacional de arma de fogo, exercício arbitrário das próprias razões, constrangimento ilegal, formação de quadrilha ou bando e também pelo artigo 12 da lei nº 6.368/1976 (que versa sobre fornecer maconha para que ser “plantada” em um veículo de terceiro).

A sentença é decorrente da denúncia do Ministério Público Federal em Ponta Grossa feita em maio de 2005 contra dezenove pessoas envolvidas com as ações da milícia. De acordo com o MPF, em outubro de 2004 fazendeiros da região dos Campos Gerais contrataram policiais militares para fazer a segurança de suas propriedades. O então tenente-coronel Valdir Coppetti Neves foi o comandante de um grupo de ex-policiais (Ricardo Jose Derbis, Nereu Pascoal Moreira e José Waldomiro Maciel) que utilizava armas sem registro, entre elas algumas importadas irregularmente.

Em dezembro de 2004, quando trabalhadores do MST ocuparam uma fazenda próxima às propriedades “patrulhadas” por Neves ele começou a “investigar” os Sem Terra. O então tenente-coronel chegou a atacar o acampamento, tentando desocupar a terra à força. Como não conseguiu expulsar os trabalhadores, Neves pagou Izabel Rocha Araújo para que fizesse uma falsa denúncia contra lideranças do movimento.

Além disso, ele também planejou – embora não tenha chegado a executar – a simulação de um acidente de carro para que fosse “plantada” maconha no veículo de um dos líderes do acampamento.

Mas em abril de 2005 uma força-tarefa entre a Polícia Federal e a Secretaria da Segurança Pública frustrou os planos de Neves o prendendo junto com outras sete pessoas na operação conhecida como Março Branco sob a acusação de formarem uma organização criminosa armada que dava segurança ilegal a fazendeiros e intimidava grupos do MST sem respaldo da Justiça. No material apreendido pela polícia, foram encontrados recibos de “cotas mensais” pagas por fazendeiros ao grupo de Neves.

Também em 2005, uma força-tarefa formada pela Secretaria da Segurança Pública do Paraná e a Polícia Federal desmantelou uma das maiores quadrilhas de extermínio do país, formada por policiais militares, advogados e assaltantes. Novamente o tenente-coronel Copetti Neves é apontado como integrante do grupo. Segundo as investigações, indicaram a ligação de Neves com uma empresa clandestina de segurança. Policiais militares ligados ao grupo de Neves e a assaltantes planejavam e executavam roubos a comerciantes da região sul de Curitiba e depois ofereciam o serviço clandestino de segurança.

Copetti Neves ainda responde a outras duas ações movidas pelo secretário da Segurança Pública Luiz Fernando Delazari por difamação e indenização por danos morais, sendo nesta última já condenado em primeira instância.

(As informações são da Agência Estado)