“Eles querem produzir provas que não têm contra as famílias”

Por Patrícia Benvenuti Do Brasil de Fato Um cerco policial a acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária na região de Iaras, no interior de São Paulo, resultou, desde a última segunda-feira (25), na prisão de nove integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Por Patrícia Benvenuti
Do Brasil de Fato

Um cerco policial a acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária na região de Iaras, no interior de São Paulo, resultou, desde a última segunda-feira (25), na prisão de nove integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Os detidos foram para a delegacia seccional de Bauru e devem ser encaminhados a presídios da região. Os oito homens presos podem ser levados para casas prisionais diferentes, e a vereadora de Iaras, Rosimeire Pan D’Arco de Almeida Serpa, a Rose, Partido dos Trabalhadores (PT), que também é assentada no município, conduzida ao presídio feminino de Avaí.

Os mandados de busca, apreensão e prisão resultaram da ocupação promovida pelo MST no ano passado à fazenda Capim, que abrange os municípios de Iaras, Lençóis Paulista e Borebi. Os sem terra denunciavam que a área, cuja posse é da União, vinha sendo utilizada ilegalmente há cinco anos pela Sucocítrico Cutrale para monocultura de laranja.

Interesses

De acordo com relatos, além de prenderem militantes, os policiais cercaram casas e barracos, amedrontando as famílias, e também apreenderam pertences pessoais.

Os soldados também exigiram que os sem terras apresentassem notas fiscais e outros documentos. Na avaliação do integrante da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (Renap), Bruno de Oliveira Pregnolatto, que assessora as famílias, a polícia tenta, com isso, forjar provas contra os agricultores, induzindo que os objetos teriam sido roubados durante a ocupação às terras griladas pela Cutrale, no ano passado. “Eles querem produzir provas que não têm contra as famílias”, acusa o advogado.

Para o integrante do MST, Delwek Matheus, o intuito é relacionar as atividades dos militantes do MST com ações criminosas, como roubo. “O objetivo é tentar criminalizar os militantes por meio de acusações de roubo. Querem associar ocupação a roubo”.

As prisões revelam, na avaliação de Matheus, também os instrumentos usados pelo agronegócio para manter seu domínio na região. “Nessa disputa pelas terras públicas e pelo latifúndio na região, as empresas recorrem a meios como o Judiciário e a polícia”, completa.

Segundo Pregnolatto, o esforço agora se concentra em libertar os sem terras presos. “Vamos para lá [Fórum de Lençóis Paulistas, onde corre a ação] ter acesso aos processos e instrumentalizar os pedidos de habeas corpus no Tribunal de Justiça”, afirma.