FSM: Debate sobre pré-sal lota Tenda da Paz
Do Vermelho
João Moraes, da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Raul Bergaman, da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), Igor Felippe dos Santos, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Cristina Castro, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), Hugo Valadares, presidente da Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), Rodrigo da Luz de Jesus e Henrique Porto Lusa, coordenadores gerais da recem fundada União Estadual dos Estudantes do Rio Grande do Sul (UEE-RS), Jorge Abraão, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Yann Evanovick e o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Augusto Chagas.
Este foi o time que compôs a mesa do debate “O Pré-Sal e o financiamento da Educação no Brasil”, prestigiado ainda por um público de mais de cem pessoas, que lotaram a Tenda da Paz na tarde desta quarta-feira (27/1).
As intervenções marcaram muitos consensos, embora o MST, a Aepet e a FUP tenham defendido que é mais importante para o movimento social estabelecer uma bandeira unitária em defesa do desenvolvimento sustentável, a partir das verbas do pré-sal do que já definir a bandeira de uma parte específica das demandas sociais, no caso, educação.
Igor, do MST, entretanto, ponderou que a lógica está correta no sentido de garantir que as verbas do pré-sal “não virem um segundo orçamento da União a ser disputado”, ou seja, defendeu que é preciso unificar uma posição dos movimentos sociais e reivindicar que a destinação das verbas sejam definidas antes mesmo delas se concretizarem, para que se garantam políticas de Estado com as mesmas.
Igor também alertou para a importância de assegurar o máximo de verbas com a União, contra uma tendência a distribuição da verba entre os estados da federação. Desta forma, facilita-se a pressão pela distribuição das mesmas de acordo com os interesses nacionais e demandas sociais.
Por fim, defendeu o investimento de parte das verbas advindas da exploração do petróleo na camada pré-sal em energia de fontes renováveis e clamou os movimentos a tomarem as ruas em defesa de uma justa distribuição das verbas do pré-sal.
Jorge Abraão, do Ipea, apresentou dados que expõem a situação de precariedade da educação brasileira, sendo o mais expressivo deles o número de analfabetos: 14 milhões. Jorge, assim como Cristina, da Contee, e os diversos representantes das entidades estudantis, defendeu a bandeira de 50% das verbas do pré-sal para a educação.
O presidente da UNE, Augusto Chagas, reforçou a convocação de Igor, dizendo “não há conquistas importantes como esta que não venham da luta do povo”, e traçou um quadro da educação no país para justificar a bandeira dos estudantes, chamando os demais movimentos à unidade e alegando que não se trata de umna campanha corporativista, à medida que entende a importância de defender também uma nova lei do petróleo, o fortalecimento da Petrobrás e a retomada do seu controle acionário pelo Estado. Para Augusto, “essa riqueza tem que ser carimbada pelos interesses nacionais e deve ser repartida entre a maioria da população”.
Na mesma linha de defesa da soberania, o presidente da ANPG, Hugo Valadares, afirmou que “o Brasil é extirpado das suas riquezas desde 1500” e citou vários processos, chegando inclusive a denunciar a privatização da Companhia Vale do Rio Doce como um deles.
Hugo e Augusto fizeram questão ainda de falar sobre o clima polarizado de 2010 e o papel dos estudantes na disputa de projetos que se dará durante o processo eleitoral. Augusto terminou sua intervenção convocando o conjunto dos movimentos a participantes da assembleia dos movimentos do FSM que será na sexta-feira (29/1), às 10h, na Usina do Gasômetro. Segundo Augusto, após o Fórum, o compromisso dos estudantes é construir uma grande jornada de lutas em março e mobilizar em conjunto com os demais movimentos sociais para a Assembleia Nacional dos Movimentos Sociais, que será no dia 31 de maio em São Paulo.