Fenaj e Sindicato dos Jornalistas criticam parcialidade na cobertura do MST

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP) repudiaram a cobertura de parte da imprensa no caso envolvendo a prisão de integrantes do MST em São Paulo. Segundo as entidades, veículos de imprensa têm sido parciais, publicando reportagens sem ouvir os dois lados da história.

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP) repudiaram a cobertura de parte da imprensa no caso envolvendo a prisão de integrantes do MST em São Paulo. Segundo as entidades, veículos de imprensa têm sido parciais, publicando reportagens sem ouvir os dois lados da história.

Segundo a nota da Fenaj e SJSP, parte da imprensa se equivoca ao não ouvir fontes dos dois lados, tanto da acusação como de diretores do Movimento. “É lamentável que veículos de comunicação se prestem a produzir matérias e reportagens que não permitem as partes envolvidas na questão, as quais, neste caso, é o conflito agrário. É obrigação do Jornalismo apresentar os argumentos de ambos os lados e não é o que -lamentavelmente – vê-se nas matérias sobre a prisão de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST, que são apresentados como usurpadores da propriedade alheia, sem que a esses lhe fossem permitido direito básico de se pronunciarem”, diz o texto.

Leia abaixo a íntegra da nota.

As diretorias do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e da Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ, vêm a publico repudiar o desrespeito dos veículos de comunicação brasileiros tanto os nacionais quanto os regionais para com as fontes e leitores/telespectadores e ouvintes na medida em que não colocam em prática uma obrigação primária do jornalismo sério, exatamente, a oportunidade do contraditório. É dever dos jornalistas e obrigação das direções dos veículos de comunicação social ouvir as várias partes envolvidas em uma reportagem/matéria a fim de permitir que o receptor possa avaliar por si só o conteúdo e formar seu próprio juízo de valor.

É lamentável que veículos de comunicação se prestem a produzir matérias e reportagens que não permitem as partes envolvidas na questão, as quais, neste caso, é o conflito agrário. É obrigação do jornalismo apresentar os argumentos de ambos os lados e não é o que –lamentavelmente – vê-se nas matérias sobre a prisão de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST, que são apresentados como usurpadores da propriedade alheia, sem que a esses lhe fossem permitido direito básico de se pronunciarem.

Com raras exceções, são veiculadas – e ainda que em espaço inferior – informações de que se tratam de terras de propriedade da União (públicas, portanto) mas que a mídia afirma como se de fato de empresas privadas, como é o caso do grupo Cutrale. Em momento algum, a maioria dos veículos de comunicação mostra com destaque que há uma disputa judicial sobre de quem é verdadeiramente a propriedade da terra.

Por outro lado, é igualmente anti-ético e imoral a veiculação de imagens produzidas sabe-se lá em que circunstâncias e por quem – pois embora traga ilegalmente o crédito de “cinegrafista amador” – em algumas imagens, como as da derrubada dos laranjais, a produção foi mesmo de autoria de oficial da Polícia Militar em Bauru, produzidas dentro do helicóptero da corporação, cujos custos de manutenção são pagos pelo Estado, ou seja, a partir dos recursos dos cidadãos e, portanto, públicos!

Igualmente condenável, porque imoral e anti-ético, é a troca de gentilezas entre os jornalistas e as fontes de informação (neste caso o comando da Polícia Civil) para a exclusividade. Os jornalistas deveriam questionar as circunstâncias de sua produção e apropriação e não dar absoluto crédito ao material que a polícia obteve, também sabe-se lá como e que no momento acha-se fora de contexto.

Nos últimos anos, o baronato da mídia tem se comportado de forma anti-democrática e avessa a qualquer regra. É decorrência desse comportamento o fim da Lei de Imprensa que resultou no fim do direito de resposta, bem como do fim da exigência da formação em jornalismo para o exercício da profissão e de outras investidas contra toda e qualquer regulação – que existem nos países os mais avançados e democráticos. O baronato da mídia quer se ver livre de qualquer obrigação, inclusive de respeito aos direitos básicos e fundamentais,como os direitos humanos.

Assim é esta nota para repudiar o tratamento da mídia de modo geral sobre temas caros aos cidadãos e à democracia brasileira.

Nota conjunta da direção Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo e da Federação Nacional dos Jornalistas