Jornada unifica lutas das mulheres em Alagoas
Os movimentos sociais de Alagoas realizam nesta segunda-feira (8/3) várias iniciativas de mobilização, celebrando a passagem do Dia Internacional de Lutas das Mulheres, com ações nas principais cidades do estado. A Via Campesina, organização que reúne os principais movimentos de luta pela terra, realiza durante toda a semana a “Jornada Nacional de Mulheres Camponesas na Luta Contra o Agronegócio e Contra a Violência: por Reforma Agrária e Soberania Alimentar”.
Em Maceió, 500 mulheres da Via Campesina se somam às mobilizações organizadas pela Marcha Mundial das Mulheres (MMM) e Central Única dos Trabalhadores (CUT) às 14h no Calçadão do Comércio. O acampamento da Via Campesina está erguido na praça dos Martírios, em frente ao Palácio do Governo do Estado, ficando ali instalado para as atividades da semana.
Em Arapiraca, maior cidade do interior do estado, cerca de 350 trabalhadoras da Via Campesina (MST, Movimento de Pequenos Agricultores – MPA e Movimento de Mulheres Camponesas – MMC) realizam ato nesta manhã na praça Marques, Centro. O ato mobiliza a opinião pública de Arapiraca sobre a implementação da Vale Verde, empresa de capital canadense pertencente à Aura Gold Minerals, que está previamente licenciada para explorar para fins privados as cerca de 200 milhões de toneladas de minério de ferro, cobre e ouro na região Agreste.
Em Delmiro Gouveia, uma marcha com os trabalhadores rurais e o povo indígena Geripankó toma as ruas neste momento. A caminhada discute a construção do Canal do Sertão, obra que deve privilegiar os grandes latifundiários, já que seu usufruto será comercial. Em todos os atos, na Capital e no interior, o tema da “criminalização dos movimentos sociais” será transversal, devido a prisão de José Aparecido, assentado em Inhapi, em repressão à re-ocupação da fazenda Capim. “Cido” foi transferido na noite da sexta-feira (5/3) para a delegacia de São Miguel dos Campos, a pedido da Secretaria de Defesa Social.
As atividades da “Jornada Nacional de Mulheres Camponesas na Luta Contra o Agronegócio e Contra a Violência: por Reforma Agrária e Soberania Alimentar” denunciam os prejuízos para a sociedade na manutenção do Agro-Hidronegócio e questiona o modelo de desenvolvimento imposto pelas empresas transnacionais, pelos bancos, pelo governo e pelo Estado para o campo brasileiro. Neste ano são comemorados os 100 anos do 8 de março. “O agronegócio ameaça a vida no campo, a soberania alimentar e a biodiversidade. Tem como lógica a exploração da terra, dos recursos naturais, do trabalho e da vida das mulheres. Acreditamos que só a luta faz a mudança necessária que precisamos para romper com essa lógica do capital de produzir fome, miséria, violência e morte em nome do lucro”, segundo o manifesto divulgado pelas mulheres.