Camponesas de Pernambuco seguirão pressionando governo do estado

Da CPT Cerca de 400 mulheres ocuparam na manhã desta segunda-feira (8/3), a Secretaria de Agricultura e Reforma Agraria do estado de Pernambuco. A ação fez parte da “Jornada Nacional de Luta das Mulheres da Via Campesina contra o Agronegócio e contra a Violência: por Reforma Agrária e Soberania Alimentar”, em comemoração ao Dia Internacional de Luta das Mulheres.

Da CPT

Cerca de 400 mulheres ocuparam na manhã desta segunda-feira (8/3), a Secretaria de Agricultura e Reforma Agraria do estado de Pernambuco. A ação fez parte da “Jornada Nacional de Luta das Mulheres da Via Campesina contra o Agronegócio e contra a Violência: por Reforma Agrária e Soberania Alimentar”, em comemoração ao Dia Internacional de Luta das Mulheres.

Portando bandeiras e faixas com dizeres como “Trabalho Escravo, vamos abolir de vez essa vergonha!” e “Em cada grama de açúcar há uma tonelada de injustiça!”, as mulheres saíram em marcha da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) até o Parque de Exposição do Cordeiro, onde fica localizada a Secretaria.

Durante a ocupação, as mulheres da Via Campesina foram recebidas pelo secretário de agricultura de Pernambuco, Ângelo Ferreira, e entregaram uma pauta de reivindicações para pressionar o governo do Estado a cumprir medidas em defesa da Reforma Agrária. O documento denuncia a extrema gravidade da situação do campo brasileiro e a total inoperância dos governos federal e estadual na implementação da Reforma Agrária. Também denuncia a total conivência dos governos com o setor sucroalcooleiro no Estado, que se baseia na grande propriedade, usa elevadas quantidades de agrotóxicos, gera poucos empregos e produz fome, miséria, exclusão social, violência e degradação ambiental. As mulheres também exigiram incentivos à produção de alimentos saudáveis, a desapropriação de áreas de empresas e latifúndios que são devedores do estado e de áreas com conflitos eminentes.

Segundo Cassia Bechara, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), “desde que o governo tomou posse, nós entregamos todos os anos a mesma pauta de reivindicações, o que quer dizer que a Reforma Agrária no estado em nada avançou”. As mulheres lembraram ainda que Pernambuco é um dos estados com maior quantidade de conflitos agrários, mas que em dois anos nenhuma nova desapropriação chegou a ser efetivada.

Nas áreas em que os trabalhadores (as) já estão assentados (as), a situação não é melhor. De acordo com Marilene, moradora do assentamento Ismael Felipe, ligado à Comissão Pastoral da Terra (CPT)
e localizado em Tracunhaém, há falta de incentivos para o camponês e camponesa, “Reforma agrária não é só distribuir a terra, é preciso dar condições para que o (a) trabalhador (a) possa permanecer na terra.”

Marilene relembra ainda da dificuldade que é produzir alimentos saudáveis em meio a uma região tomada pela produção da cana de açúcar, como é a zona da mata: “o governo tem dinheiro para destinar às usinas falidas do estado, mas não tem verba para os assentamentos. Falta incentivos à saúde, educação, assistência técnica, por exemplo. Não é o agronegócio que alimenta o povo brasileiro, é a agricultura camponesa”, complementa.

As mulheres continuarão exigindo o cumprimento da pauta apresentada e formarão uma comissão que, no próximo dia 23 de março, irá novamente à Secretaria de Agricultura acompanhar o andamento das reivindicações.