Investigação de cartel da laranja deve crescer após denúncias

A Secretaria de Direito Econômico (SDE) vai apurar as denúncias feitas pelo ex-empresário do setor de suco de laranja Dino Tofini, que revelou nesta semana como funcionava o cartel da indústria criado pela Cutrale .

Em entrevista publicada nesta segunda-feira (15/3) pelo jornal Folha de S. Paulo, Tofini admitiu ter participado do cartel. “A idéia foi do José Luis Cutrale (sócio-proprietário da Cutrale) no início da década de 90. Ele chamou as indústrias do setor para fazer uma composição, com o objetivo de comprar a laranja por um preço mais acessível para a indústria. Era um negócio cruel”. Ele confessou “ter ganho muito dinheiro quando era dono da CTM Citrus” mas que, depois de vender a empresa e passar a produzir laranja, acabou tornando-se vítima do cartel que ajudou a construir.

O ex-empresário deve agora ser ouvido pela SDE, que investiga a suspeita de prática de cartel no setor desde 1999. Informações prestadas por uma pessoa que participou do cartel resultaram na Operação Fanta (da Polícia Federal), em janeiro de 2006, quando foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão de documentos pela SDE em empresas do setor.

Segundo o jornal Valor Econômico desta terça (16/3), a secretaria vai deslacrar os dados da empresa Citrovita, também investigada pela Operação Fanta.

Em 2006, a então Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus) apresentou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e à SDE um Termo de Compromisso de Cessação de Prática (TCCP), ou um compromisso com a suspensão das atividades de cartel, o pagamento de uma multa estimada em R$ 100 milhões e a promessa de contribuir com as investigações. Nenhuma das duas instâncias do governo aceitou, porém, fechar o acordo.

Enquanto as investigações prosseguem, a Citrovita estuda uma fusão empresarial com outra empresa do setor, a Citrosuco – outra investigada por formação de cartel.