Rede de comunicadores pela reforma agrária lança manifesto

Está em curso uma ofensiva conservadora no Brasil contra a reforma agrária, e contra qualquer movimento que combata a desigualdade e a concentração de terra e renda. E você não precisa concordar com tudo que o MST faz para compreender o que está em jogo. Uma campanha orquestrada foi iniciada por setores da chamada “grande imprensa brasileira” – associados a interesses de latifundiários, grileiros - e parcelas do Poder Judiciário. E chegou rapidamente ao Congresso Nacional, onde uma CPMI foi aberta com o objetivo de constranger aqueles que lutam pela reforma agrária.

Está em curso uma ofensiva conservadora no Brasil contra a reforma agrária, e contra qualquer movimento que combata a desigualdade e a concentração de terra e renda. E você não precisa concordar com tudo que o MST faz para compreender o que está em jogo.

Uma campanha orquestrada foi iniciada por setores da chamada “grande imprensa brasileira” – associados a interesses de latifundiários, grileiros – e parcelas do Poder Judiciário. E chegou rapidamente ao Congresso Nacional, onde uma CPMI foi aberta com o objetivo de constranger aqueles que lutam pela reforma agrária.

A imagem de um trator a derrubar laranjais no interior paulista, numa fazenda grilada, roubada da União, correu o país no fim do ano passado, numa ofensiva organizada. Agricultores miseráveis foram presos, humilhados. Seriam os responsáveis pelo “grave atentado”. A polícia trabalhou rápido, produzindo um espetáculo que foi parar nas telas da TV e nas páginas dos jornais. O recado parece ser: quem defende reforma agrária é “bandido”, é “marginal”. Exemplo claro de “criminalização” dos movimentos sociais.

Quem comanda essa campanha tem dois objetivos: impedir que o governo federal estabeleça novos parâmetros para a reforma agrária (depois de três décadas, o governo planeja rever os “índices de produtividade” que ajudam a determinar quando uma fazenda pode ser desapropriada); e “provar” que os que derrubaram pés de laranja são responsáveis pela “violência no campo”.

Trata-se de grave distorção.

Comparando, seria como se, na África do Sul do Apartheid, um manifestante negro atirasse uma pedra contra a vitrine de uma loja onde só brancos podiam entrar. A mídia sul-africana iniciaria então uma campanha para provar que a fonte de toda a violência não era o regime racista, mas o pobre manifestante que atirou a pedra.

No Brasil, é nesse pé que estamos: a violência no campo não é resultado de injustiças históricas que fortaleceram o latifúndio, mas é causada por quem luta para reduzir essas injustiças. Não faz o menor sentido…

A violência no campo tem um nome: latifúndio. Mas isso você dificilmente vai ver na TV. A violência e a impunidade no campo podem ser traduzidas em números: mais de 1500 agricultores foram assassinados nos últimos 25 anos. Detalhe: levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostra que dois terços dos homicídios no campo nem chegam a ser investigados. Mandantes (normalmente grandes fazendeiros) e seus pistoleiros permanecem impunes.

Uma coisa é certa: a reforma agrária interessa ao Brasil. Interessa a todo o povo brasileiro, aos movimentos sociais do campo, aos trabalhadores rurais e ao MST. A reforma agrária interessa também aos que se envergonham com os acampamentos de lona na beira das estradas brasileiras: ali, vive gente expulsa da terra, sem um canto para plantar – nesse país imenso e rico, mas ainda dominado pelo latifúndio.

A reforma agrária interessa, ainda, a quem percebe que a violência urbana se explica – em parte – pelo deslocamento desorganizado de populações que são expulsas da terra e obrigadas a viver em condições medievais, nas periferias das grandes cidades.

Por isso, repetimos: independente de concordarmos ou não com determinadas ações daqueles que vivem anos e anos embaixo da lona preta na beira de estradas, estamos em um momento decisivo e precisamos defender a reforma agrária.

Se você é um democrata, talvez já tenha percebido que os ataques coordenados contra o MST fazem parte de uma ofensiva maior contra qualquer entidade ou cidadão que lutem por democracia e por um Brasil mais justo.

Venha refletir com a gente:

– por que tanto ódio contra quem pede, simplesmente, que a terra seja dividida?

– como reagir a essa campanha infame no Congresso e na mídia?

– como travar a batalha da comunicação, para defender a reforma agrária no Brasil?

É o convite que fazemos a você.

Assinam:

– Alcimir do Carmo.

– Altamiro Borges.

– Ana Facundes.

– André de Oliveira.

– André Freire.

– Antonio Biondi.

– Antonio Martins.

– Bia Barbosa.

– Breno Altman.

– Conceição Lemes.

– Cristina Charão.

– Cristovão Feil.

– Danilo Cerqueira César.

– Dênis de Moraes.

– Emiliano José.

– Emir Sader.

– Flávio Aguiar.

– Gilberto Maringoni.

– Giuseppe Cocco.

– Hamilton Octavio de Souza.

– Henrique Cortez.

– Igor Fuser.

– Jerry Alexandre de Oliveira.

– Joaquim Palhares.

– João Brant.

– João Franzin.

– Jonas Valente.

– Jorge Pereira Filho.

– José Arbex Jr.

– José Augusto Camargo.

– José Carlos Torves.

– José Reinaldo de Carvalho.

– José Roberto Mello.

– Ladislau Dowbor.

– Laurindo Lalo Leal Filho.

– Leonardo Sakamoto.

– Lilian Parise.

– Lúcia Rodrigues.

– Luiz Carlos Azenha.

– Márcia Nestardo.

– Marcia Quintanilha.

– Maria Luisa Franco Busse.

– Mario Augusto Jacobskind.

– Miriyám Hess.

– Nilza Iraci.

– Otávio Nagoya.

– Paulo Lima.

– Paulo Zocchi.

– Pedro Pomar.

– Rachel Moreno.

– Raul Pont.

– Renata Mielli.

– Renato Rovai.

– Rita Casaro.

– Rita Freire.

– Rodrigo Savazoni.

– Rodrigo Vianna.

– Rose Nogueira.

– Rubens Corvetto.

– Sandra Mariano.

– Sérgio Caldieri.

– Sérgio Gomes.

– Sérgio Murilo de Andrade.

– Soraya Misleh.

– Tatiana Merlino.

– Terezinha Vicente.

– Vânia Alves.

– Venício A. de Lima.

– Verena Glass.

– Vito Giannotti.

– Wagner Nabuco.

Importante: A proposta é que a rede de comunicadores em apoio à reforma agrária tenha caráter nacional. Promova redes também em seu estado, participe e convide outros comunicadores para aderirem à rede.

Assista aos vídeos do lançamento da rede em: