Assentados produzem arroz, feijão, milho, soja e trigo em Itapeva
Por Vanessa Ramos
Da Página do MST
As primeiras ocupações na antiga Fazenda Pirituba começaram a ser feitas na década de 80. De acordo com Zezinho, assentado na região de Itapeva e militante do MST, as ocupações tomaram força em função das irregularidades no primeiro projeto de assentamento, elaborado pelo então governador de São Paulo Carvalho Pinto entre 1959 a 1963.
“Nós nos organizamos, ocupamos os lotes e exigimos do Estado a regularização desses lotes da Fazenda Pirituba. Começamos as ocupações em 1984 e, em dez anos, nós criamos esses seis assentamentos, chamados de Agrovila”, relembrou Zezinho.
A Fazenda Pirituba fica em uma região muito produtiva. Por isso, existem muitas formas de organização nesse assentamento, como as cooperativas de produção ou de comercialização. A maior parte da produção dos seis assentamentos é de grãos, como arroz, feijão, milho, soja e trigo, além das hortas.
Segundo Magnólia Fagundes, assentada em Pirituba, o trabalho com as mulheres no assentamento é muito forte. Existe um grupo de mulheres que trabalha com ervas medicinais, cujo conhecimento foi transmitido de geração em geração. “Os produtos fitoterápicos são embalados e rotulados devidamente para serem comercializados”, contou.
“Nós também temos aqui na região trabalho com a pequena agroindústria e algumas estruturas de cooperativas, que são um pouco maiores. Temos o laticínio que produz queijo e bebidas lácteas. A grande maioria da produção do laticínio é para abastecer o próprio mercado da região. A prefeitura de Itapeva também compra parte da produção,” explicou Magnólia.
A Fazenda Pirituba era um latifúndio que somava um pouco mais de 17 mil hectares, na década de 80. Atualmente, cerca de 400 famílias de trabalhadores rurais vivem nos assentamentos, em oito mil hectares. O restante está dividido entre reservas e produção de pequenos agricultores.
Rádio Camponesa
A Rádio Camponesa (96,7 FM) funcionava diariamente com uma programação diversificada. Segundo Edivalda Gomes, que trabalhou na rádio durante cinco anos, ela tinha um alcance muito grande.
“A gente recebia cartas e telefonemas de outras cidades, até do Paraná, que fica a 300 ou 400 quilômetros daqui. Era muito bom e eu fiquei muito triste depois que os equipamentos queimaram, porque o meu corpo já estava acostumado a vir para a rádio todos os domingos. Sem a rádio, eu estou virando em roda dentro de casa. Acordo, faço almoço, mas não tem a rádio para fazer o programa”, desabafou Edivalda.
Com o dinheiro arrecadado no bingo e no churrasco realizados durante a 4ª Cavalgada do MST, a expectativa é que até novembro deste ano a rádio esteja no ar novamente.