Bolívia proíbe plantação de monocultura para combustíveis


Por La Jornada

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A Bolívia não permitirá a produção com vistas à elaboração de agrocombustíveis; a prioridade é aumentar a produção de milho, trigo e açúcar, explicou a ministra de Desenvolvimento Rural e Terras, Memesia Achacollo, que chegou ao acampamento da Via Campesina e da Assembleia de Afetados Ambientais, no ginásio esportivo Jacinto Canek, com 86 delegados bolivianos.

A agricultura industrial só prejudica a terra e aumenta a pobreza nas comunidades; não é a resposta para situações como aquelas vividas este ano: enchentes, nevascas, secas e incêndios, que prejudicaram as plantações e as florestas, disse. Afirmou que na Bolívia os ministérios da Água, Agricultura e aquele que ela preside, atuam conjuntamente para respaldar a produção orgânica.

A delegação convocou diversas organizações para um pacto de unidade internacional e convidou os moradores a ousarem criar seus próprios instrumentos políticos para romper com as políticas neoliberais. Não precisamos de armamento nem de mais dinheiro; a construção de um mundo novo está na unidade dos povos.

Neste espaço aberto, ao qual chegaram nesta segunda-feira mais milhares de pessoas para participar da marcha rumo ao Moon Palace em busca de um diálogo com os embaixadores ou ministros de Meio Ambiente, choveram os testemunhos de comunidades mexicanas, italianas, brasileiras e gregas sobre a poluição de rios em decorrência da atividade mineradora, as enchentes ou a escassez de água devido à construção de barragens, os deslocamentos ambientais; a interrelação da crise econômica com a ambiental.

Paul Nicholson, da Via Campesina, comentou que na Europa há uma crise similar àquela que ocorreu na América Latina há 15 anos. Na Espanha, 20% da população está desempregada; 40% dos jovens não encontram trabalho e diante disso se anestesia a população com futebol e se induz o medo à perda de direitos. No mundo estamos entrando em uma crise sistêmica, enquanto no Moon Palace se fala da lua, não da realidade mundial. Por isso, vale mais um não acordo, do que um mau acordo que hipoteque o planeta.

“Esta luta ambiental é de vida ou morte”, disse Andrés Barreda, da Assembleia de Afetados Ambientais, e a comparou com a que se realizou no século XIX pelos direitos trabalhistas. As decisões da COP 16 implicarão na morte de milhares de pessoas; não está em jogo apenas a natureza.

“Venho das entranhas da besta”, disse Sunyung Yang, da Aliança Popular de Justiça Mundial, ao se referir à resistência dos migrantes, indígenas e trabalhadores atingidos pelas políticas norte-americanas. “O governo dos Estados Unidos joga um papel muito destrutivo. Sabemos que na COP 16 ameaçam os países do Sul para que assinem o acordo de Copenhague, no qual não se fixa como prioridade a redução da temperatura do planeta”, emendou.

E enquanto no ginásio esportivo se falava da luta contra a construção das barragens La Parota e El Zapotillo; da poluição dos lençóis freáticos e danos à saúde causados pela barragem Endhó, que capta as águas sujas da cidade do México, aos habitantes do Valle del Mezquital; do fracasso das cidades rurais em Chiapas e do deslocamento de populações rurais devido à construção de barragens no Brasil, uma delegação da Via Campesina insistia junto às autoridades estatais em que a marcha será pacífica e busca apenas o diálogo com participantes da COP 16.

(tradução é do Cepat)