Agrotóxico elimina criação do bicho-da-seda em São Paulo

 

Da Radioagência NP

 

O uso indiscriminado de agrotóxicos nas lavouras de cana no interior do estado de São Paulo está acabando com as criações do bicho-da-seda. De acordo com os produtores, a baixa na produção está aumentando significativamente desde 2007, quando a pulverização aérea começou na região.

Em propriedades dos municípios de Estrela do Norte, Sandovalina e Mirante do Paranapanema, a produção caiu de 150 para 40 quilos por mês. O preço do quilo também desabou, saiu de quase R$ 10 para apenas R$ 3.

O engenheiro agrônomo Yassuyuki Horio, afirma que a pulverização aérea está de fato destruindo a criação, pois o bicho-da-seda é sensível e reage quando há alteração no ambiente. Além disso, ele relata a situação dos criadores do município de Estrela do Norte.

“É difícil controlar o veneno que é jogado pelo avião. O vento o leva pra qualquer lugar. Tínhamos 18 produtores, destes, só restam dois produzindo. Mas, há 10 dias pulverizaram novamente, e com isso, quase toda criação foi perdida. A coisa foi bem feia, praticamente pararam agora. O bicho-da-seda é importante aqui para nós. Ele é uma opção para a agricultura familiar.”

Um dos produtores, Fausto Correia da Silva, em entrevista à TV Fronteira, ele relata a situação que está vivendo.

“Eu considero a atividade morta. Criei uma família com 13 pessoas, sempre paguei minhas contas em dia. Agora estou prejudicado, e isso teve início com a chegada dos canaviais. E se fosse para mim depender somente dessa última safra, eu estaria passando fome. O usineiro vive do canavial, e eu vivo do bicho-da-seda. Eu tenho certeza que eles sabem que o veneno jogado na cana prejudica nossa atividade.

O Ministério Público já está investigando os casos. O estado de São Paulo é o campeão em consumo de agrotóxico no Brasil. O estado absorve 30% dos agrotóxicos utilizados nas lavouras brasileiras.