Movimentos brasileiros cobram punição a assassinos de indígenas no Peru

 

Por Bianca Costa
Da Página do MST

 

Por Bianca Costa
Da Página do MST

Movimentos como Resistência Popular, MST e o Movimento Nacional de Catadores realizaram um ato em frente ao consulado do Peru, em Porto Alegre, nesta sexta-feira, (3/6), para cobrar a prisão dos responsáveis pelas mortes de indígenas no Peru.

Em 2009, durante o governo de Alan García, mais de 25 indígenas foram mortos pela polícia próximo ao povoado de Bagua, na região amazônica do norte do Peru.

Os povos originários protestavam contra uma lei aprovada pelo governo de Alan García, que busca aumentar os investimentos privados na região que é rica em petróleo e gás.

No dia 5 de junho de 2009, quando os indígenas bloquearam a rodovia Fernando Belaunde Terry, ocorreu o massacre. Até hoje, ninguém foi responsabilizado pelas mortes.

O ato foi organizado pelo Elaopa (Encontro Latino-Americano de Organizações Populares Autônomas).

Para Lorena Castillo, do Resistência Popular, o massacre dos índios é um trágico acontecimento para os povos latino americanos. “O protesto dos indígenas está diretamente ligado ao avanço do Plano IIRSA, que implica em um grande saque aos povos latino americanos”, explica Lorena.

Para ela, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é uma versão nacional do IIRSA. “Algumas obras do PAC irão afetar mais da metade da área total das Unidades de Conservação do meio ambiente. A maior parte dessas áreas é ocupada por populações tradicionais, como os indígenas, que sobrevivem conservando a biodiversidade”, afirma.

Para o professor Roberto Leher, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a ampliação do agronegócio, a expansão das regiões de extração de minérios e de geração de energia, bem como a intensificação da exploração do trabalho e a flexibilização do controle social sobre o meio ambiente, são ações previstas pela Iniciativa para Integração da Infra-Estrutura Regional da América Latina (IIRSA). O objetivo final é manter a circulação do capital.

Leher explica que o IIRSA é um plano que foi apresentado em 2000, durante uma cúpula de presidentes latino-americanos, pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Segundo ele, a proposta consiste em integrar a infra-estrutura física de transportes, oleodutos, gasodutos, portos, redes hidrelétricas e de cabos óticos, entre outros. Além disso, o autor salienta que os eixos do plano estão relacionados ao agronegócio – como escoamento e abertura de novas áreas de plantio – a geração de energia, a prospecção mineral e a exploração da biodiversidade.