MST continua mobilização em fazendas do Mato Grosso

 

 

 

 

Caio Bob
Reportagem local

O MST já está levantando acampamento na fazenda Rancho Verde, no município de Cáceres, que fica a 215 km de Cuiabá. Na manhã desta terça-feira (14) a fazenda foi ocupada por mais de 100 famílias que estão em busca da sua terra.

Durante o dia, os trabalhadores rurais continuaram armando suas barracas e estendendo suas bandeiras. As famílias que se encontram no local buscam a desapropriação do latifúndio improdutivo e infraestrutura para o acampamento. O coordenador regional do MST, Gilson Rodrigues, informou que desde 2004 existem processos a cerca da fazenda tramitando no governo e na justiça. A área é considerada improdutiva e está próxima a cidade, favorecendo a introdução da agricultura familiar.

As famílias que chegam ao acampamento são trabalhadores que sofrem com a falta de oportunidade no município, a maioria desempregada e passando necessidades. O momento é favorável para o trabalho de base. “90% das famílias que estão aqui são de Cáceres. É preciso continuar mobilizando para que mais companheiros reivindiquem seus direitos”, analisa Gilson, que acredita que nos próximos dias mais famílias chegarão ao local.

A ação do MST está sendo apoiada por inúmeros movimentos sociais e por trabalhadores locais, que estão participando do acampamento e ajudando na mobilização. Até o momento não ocorreu nenhuma visita, nem por órgãos do governo e nem da polícia. A ocupação está sendo pacífica e a cada momento, novos integrantes estão chegando ao acampamento.

A mobilização também continua na Fazenda Mutum, município de Glória d’Oeste. Outras 150 famílias entraram no latifúndio improdutivo, e agora, necessitam de alimentos, material de higiene e lonas para as barracas. O objetivo é que até o final da semana mais de 200 famílias esteja em cada fazenda.
 
INCRA

Durante a mobilização da Jornada de Lutas no mês de abril, em Mato Grosso, o Incra informou que no estado existem três fazendas que estão dentro das prioridades do órgão, e que serão utilizadas para o assentamento das famílias. A fazenda São Paulo, em Mirassol do Oeste, deve ser adquirida até o mês de maio. A fazenda Palmital, em Nova Olímpia, está em situação de compra e venda e deve ser regularizada até meados do mês de agosto. Outra propriedade de reivindicação é a fazenda Santa Maria, em Salto do Céu, cujo pagamento para desapropriação já foi realizado, mas está emperrada por uma questão judicial.

Para resolver esse problema e a questão da aquisição de outras áreas para novos assentamentos pelo país, o Incra tem estipulado um orçamento nacional de aproximadamente R$ 530 milhões. No entanto, já existe uma relação de terras a serem pagas que gira em torno dos R$ 860 milhões, constituindo, assim, um déficit de R$ 330 milhões.