O que os estrangeiros querem da nossa agricultura

 

Por Mauro Zaflon
Da Folha de S. Paulo


O Brasil, que já esteve sob o olhar estrangeiro nos últimos anos, deverá ficar ainda mais atraente nos próximos.

A crise alimentar, que já provocou tumultos em várias regiões em anos recentes, poderá se acentuar com o avanço da população e se houver interrupções de produção de alimentos devido ao clima.

 

Por Mauro Zaflon
Da Folha de S. Paulo

O Brasil, que já esteve sob o olhar estrangeiro nos últimos anos, deverá ficar ainda mais atraente nos próximos.

A crise alimentar, que já provocou tumultos em várias regiões em anos recentes, poderá se acentuar com o avanço da população e se houver interrupções de produção de alimentos devido ao clima.

O conceito de um Brasil celeiro do mundo está mudando. O estrangeiro já não vê o país só como uma região para fornecer de grãos a energia renovável suficientes para equilibrar oferta e demanda mundiais. Ele também quer participar dessa produção.

E esse “participar” tem várias facetas. Alguns, devido ao excesso de dinheiro girando pelo mundo -e diante da necessidade de aumentar as áreas de produção-, veem as terras do Brasil como bom investimento. Compram-nas, “sentam nelas” e esperam pela lucratividade certa.

Outros, preocupados com eventual dificuldade no fornecimento de alimentos no futuro, chegam por aqui para produzir e elevar o fornecimento em seus países.

Muitas vezes essas empresas são, no entanto, braços de órgãos governamentais estrangeiros que querem o controle da produção e o destino das commodities.

Por isso, o Brasil deve realmente impor regras claras sobre a compra de terras por estrangeiros. Elas devem impedir especulações em um setor tão vital para o país. Mas não devem frear investimentos e privar o país de avanços tecnológicos que empresas estrangeiras possam oferecer.

Quais amarras colocar sobre a venda de terras deve ser um assunto bem discutido. Elas não podem, de qualquer maneira, trazer mais insegurança jurídica ao setor, que já vive sob a ameaça de várias.

O avanço da agricultura de grande escala é bom, mas o poder de fogo dessas empresas transnacionais pode desestruturar a pequena e a média propriedades brasileiras.