Turma de Medicina Veterinária supera expectativa no RS

 

Da Página do Incra

 

Um seminário de avaliação, que acontece nesta quarta (22) e quinta-feira (23), faz o encerramento das aulas do 1º semestre da primeira turma especial de Medicina Veterinária, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Esse curso é realizado em parceria do Incra com a universidade, por meio do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera).

A turma – composta de 60 educandos de nove estados brasileiros -, superou as expectativas da coordenação colegiada de professores. “Em todas as disciplinas a média da turma vai ficar além do satisfatório”, afirmou Dario Fernando Milanez de Mello, membro da coordenação.

O curso, voltado para assentados e seus filhos, é inédito em termos de Brasil, em parceria com o Pronera. A professora Conceição Paludo, da Faculdade de Educação da UFPel – curso de Pedagogia e do Programa de Pós-Graduação -, menciona que o objetivo da universidade é de cumprimento de sua função social de ajudar o desenvolvimento das pessoas do campo.

“Os alunos prestavam atenção, discutiam junto e traziam informações que enriqueciam as aulas”, contou a professora Carine Corcini, que ministrou a disciplina Iniciação à Veterinária. Ela disse que a turma possui diferenças de idade, entre 17 a 40 anos, e que os mais novos foram os que mais questionavam. “Eles viram que estão aqui para fazerem a diferença”, assegurou ela.

Já o professor Luiz Filipe Schuch – incentivador do curso e também membro da coordenação colegiada -, lembrou que os educandos desenvolveram um padrão de 35 horas aulas semanais, com o mesmo currículo das outras turmas de Medicina Veterinária. A diferença foi na metodologia aplicada.

“Ao finalizarem as aulas, eles retornam para suas comunidades e lá aplicarão o que aprenderam na universidade”, disse Schuch. O professor, que deu aulas de Doenças Infecciosas, explicou que o rendimento da turma foi extremamente interessante, tanto na questão da organização quanto no próprio compromisso que eles tem com suas formações. “A turma superou nossas expectativas”, frisou.

Para a aluna Roseli Canceroli, o curso faz parte de algo maior para eles. “Está valendo a pena o esforço porque queremos qualificar onde moramos, para potencializarmos as nossas comunidades”,  afirmou ela, que é paulista, filha de assentados e casada com um agricultor gaúcho do projeto de assentamento Viamão, implantado na região metropolitana de Porto Alegre.

Roseli também recordou que houve uma exigência grande de estudo, mas que todos conseguiram avançar. “A experiência se tornou muito rica porque houve entre nós princípios e valores de companheirismo e solidariedade. Quem avançava mais em determinada matéria ajudava os outros que não estavam tão bem”, destacou ela.

Anatomia dos Animais Domésticos I, Histologia I, Bioquímica I, Iniciação à Veterinária e Bioestatística foram as disciplinas que a turma cursou nesta primeira metade do ano. “A partir de agora, eles retornam para suas comunidades de origem com o compromisso de fazerem leitura de livros e trabalhos, entre estes, um de diagnóstico sobre as atividades produtivas, sociais e de identificação dos lugares onde moram”, disse o coordenador Dario Milanez de Mello.